terça-feira, 31 de maio de 2016

Alberto Ribeiro - Canção do Cigano


Terá sido com "Rock Around the Clock" de Bill Haley and the Comets, no filme “Sementes de Violência”, estreado em Portugal em Novembro de 1955, que, por cá se ouviu, pela primeira vez o Rock’n’Roll. Seria pois através do cinema que os sons atrevidos do então emergente Rock’n’Roll veria a luz do dia no nosso país. Outros filmes se seguiram, a saber: “O Ritmo do Século” (Rock Around the Clock) com Bill Haley and the Comets em Outubro de 1956 (já eu tinha nascido, entretanto) e ainda “Uma Rapariga com Sorte” (The Girl Can't Help It), em Março de 1957, com Fats Domino, The Platters, Little Richard, Gene Vincent e Eddie Cochran.

Shegundo Galarza e o Conjunto Jorge Machado gravam em 1956, respectivamente, “Rock And Roll - Ritmo Sobre Teclas” e “Rock 'N' Roll Rag” a marcar os primórdios do Rock’n’Roll num país onde dominavam os bons costumes defendidos pelo regime fascista.
Na rádio e imprensa escrita seriam raros, ou não eram de todo abordados, estes novos ritmos que nasciam no outro lado do Atlântico. Daí a minha curiosidade ao encontrar na revista “Vértice” nº 165 de Junho de 1957 a transcrição de um artigo intitulado « Rock’n Roll e estética» publicado no suplemento Artes Plásticas, do Diário de Notícias, do Rio de Janeiro em 17 de Fevereiro daquele ano. Na origem do artigo estava “O acto do Juiz de Menores proibindo o Rock'n Roll”. Aqui Rock’n’Roll considerado como dança que no dizer do autor “tem de ser defendida, contra medidas e proibições arbitrárias”. E em sua defesa referia:
“Se há exemplo de dança decente, ele está no Rock’n Roll. Os pares ficam separados e quando se toca na dama é para enviá-la a maior distância. Nada de sexo, nessa dança leccionada por professores de educação física. Comparem-na com o agarramento dos blues, sambas e boleros, tão do agrado dos ambientes à meia luz. E voltem a liberar, nos salões, essa dança da moda, entre os jovens de 15 anos e os adultos da mesma idade..., dança cujo nome brasileiro deveria ser — propomos — «suadouro».”
E ainda:
“Estamos com a juventude, ao lado dessa manifestação de exuberância atlética, verdadeira aula de educação física, que erradamente foi considerada imprópria para menores“.
E termina:
“Que o ilustríssimo e meritíssimo senhor Juiz de Menores proíba as guerras e a miséria, pois o Rock'n Roll poderá ser dançado até nas escolas maternais. Nele, não reside o perigo.”





 Por cá na ausência de Rock’n’Roll, em 1957 ouvia-se, por exemplo, Alberto Ribeiro (1920-2000); “uma voz excepcional e um reportório invulgar” lia-se na contra-capa do EP «Alberto Ribeiro Canta…» de 1957, “voz de belo timbre, com um volume e uma extensão que raramente se encontram, foi o melhor intérprete de canções de inspirada feição romântica e que, apesar de já não constituírem novidade para o público, continuam a bater todos os êxitos de popularidade”.

Sem o perigoso e «suadouro» do Rock’n’Roll ficamos com o romântico Alberto Ribeiro e a cantiga “Canção do Cigano”.



Alberto Ribeiro - Canção do Cigano

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Tangerine Dream - Essener Songtage Part 1

O Início do Krautrock


O Rock dos anos 70 foi marcado por um grupo oriundo da Alemanha que obteve larga popularidade. Foram os Tangerine Dream.
As origens dos Tangerine Dream remontam a 1967, ano em que são constituídos por Edgar Froese, um pioneiro na música electrónica. Tiveram uma formação bastante irregular sendo Edgar Froese o músico permanente até à sua morte em 2015.
Em 1968 participam no primeiro Festival de Essen, encontro da cultura underground e ponto de partida para muitos grupos alemães, nascia o Krautrock.

No início da década de 70 os Tangerine Dream vão ficar conhecidos como os inventores da "Música Cósmica" com a utilização predominante de sintetizadores no lugar das tradicionais guitarras e bateria. Em www.scaruffi.com afirma-se:
"Tangerine Dream's music was born as a psychedelic journey in the heavens, and, aided by the new electronic keyboards, transformed into a contemplative survey of the universe."

"Electronic Meditation", de 1970, vai ser o primeiro de  inúmeros discos que os Tangerine Dream gravaram tendo, particularmente os da década de 70 (recordo Phaedra de 1974 e Stratosfear de 1976), sido determinantes na sonoridade por eles criada. Ainda de www.scauffi.com, definia-se assim a sua música:
"Unlike so much acid-rock and free-jazz jamming that indulged in depressed tones and grey scales, Tangerine Dream painted music with the very essence of beauty. Unlike jazz and rock improvisers who decomposed music to a brainy soliloquy, Tangerine Dream elevated it to a stately condition. By renouncing the narrative element, Tangerine Dream turned music into a subgenre of painting. Their compositions are frescoes rather than symphonies."





Para além da longa discografia oficial é igualmente longa a quantidade de bootlegs que se encontram dos Tangerine Dream. A mais antiga é referente à já referida participação no Essener Songtage Festival, Grugahalle, em Essen a 29 Setembro de 1968,  o disco dá pelo nome de "Rot Weiss" e são 36 minutos divididos em 3 partes.




Terminamos esta passagem pelo Krautrock onde praticamente tudo começou, no referido "Essener Songtage Festival" de 1968, com a passagem dos Tangerine Dream, "Essener Songtage Part 1".



Tangerine Dream - Essener Songtage Part 1

domingo, 29 de maio de 2016

Kraftwerk - Ruckzuck

O Início do Krautrock


Foram entre os grupos alemães surgidos no final da década de 60 e 70 aquele que veio a obter a maior popularidade internacional, foram os Kraftwerk.

Formados em 1970, em torno do duo Ralf Hütter (mantém-se até ao presente) e Florian Schneider (saiu em 2008),  os Kraftwerk, à semelhança de outros grupos do chamado Krautrock, primaram pela utilização abundante da electrónica criando uma música abstracta e "ruidosa" própria de uma sociedade industrial avançada.
Mas não só desta música, predominantemente instrumental, "industrial" como também ficou conhecida, se fez o percurso dos Kraftwerk. A edição e sucesso comercial que foi, em 1974, o 4º LP e o tema "Autobahn", um claro afastamento do experimentalismo dos discos anteriores, aproximaram-nos do Pop (daí o sucesso?) e, para alguns, lançaram mesmo as sementes do Disco Sound e da música Electrónica de Dança na Europa dos anos 70 e 80.






Para já ficamos no início dos Kraftwerk. Em 1970 gravam o homónimo LP que continha 4 faixas e era completamente instrumental. Na primeira faixa "Ruckzuck", de quase oito minutos, uma bateria e uma flauta desenvolvem-se em sucessivo crescendo com misturas de efeitos electrónicos então pouco comuns. Para os apreciadores do género aqui fica "Ruckzuck", os primórdios dos Kraftwerk.



Kraftwerk - Ruckzuck

sábado, 28 de maio de 2016

Guru Guru - Stone In

O Início do Krautrock


Mais um grupo dos primórdios do Krautrock, o Rock alemão do final da década de 60, no início davam pelo nome de Guru Guru Groove Band para mais tarde ficar somente Guru Guru.

Formaram-se em 1968 em Heidelberg, à semelhança dos Limbus 3, tendo por principal referência o baterista Mani Neumeier que se mantém no grupo até ao presente.
Praticantes de um Rock psicadélico largamente  improvisado tinham como principais fontes de inspiração Jimi Hendrix e Frank Zappa.






O primeiro registo surge em 1970 com o LP "UFO" composto por 5 faixas (como se tornou habitual, o lado B do disco era ocupado por uma única faixa - Der LSD Marsch - de mais de 20 minutos) a revelarem uma mistura de psicadélico, improvisação e técnicas de colagem. Múltiplos efeitos sonoros, desde distorções do microfone a efeitos wah-wah na guitarra são utilizados neste álbum percursor da música electrónica da década de 70.

Para os admiradores deste género segue "Stone In", é a faixa de abertura.



Guru Guru - Stone In

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Blitz nº 82 de 27 de Maio de 1986

Jornal "Blitz"

Há 30 anos saía o nº 82 do jornal "Blitz" que tinha na capa Peter Gabriel, tinha acabado de ser editado o álbum "So".




- O OK! da 2ª página ocupado com pequenas notícias: é a crise no mercado discográfico nacional, Milton Nascimento que se candidata a deputado, a previsão da entrada dos Trovante nos Top, a MTV anuncia a passagem de vídeos de Rão Kyao, Trovante e Vitorino.
- Na página 2 fica-se a saber que foi lançado o livro «O Palhaço de Deus», com textos de canções de David Bowie, fazia parte da colecção Rei Lagarto da editora Assírio e Alvim. Em Breves é anunciada a edição simultâneamente em Londres e Lisboa do Maxi-Single «Bigmouth Strikes Again" dos Smiths.
- A página 3  vai para Manuel Cardoso, ex-Tantra e ex-Frodo e o regresso com um novo Maxi-Single (estava na moda os Maxi-Singles)
- A  página 4 é dedicada aos estreantes Dream Academy: "1985 não foi um ano particularmente dourado para a música pop. No entanto, foi o ano dos Dream Academy, uma das surpresas mais gratificantes desta segunda metade da década, e de «Life in a Northen Town» uma canção popular notável." Dos Dream Academy sairia uma pequena maravilha que dava pelo nome de Kate St. John.
- Página 5 para um texto intitulado "Good Morning, America", a rádio em Portugal ("uma das melhores Rádios do Mundo"), França, Inglaterra e América do Norte.
- Página 6 toda ocupada com anúncio da Dansa do Som - A Grande Discoteca do País em Venda Postal. Os LP rondavam os 850$00, 950$00 (4,25€ a 4,75€).
- O Blitz Metálico da página 8 era dedicado a um grupo desconhecido os Manilla Road, «O prazer das coisas boas» era o título.
- Página 9 entrevista com Peter Gabriel a propósito do último disco "So", em caixa recorda-se a discografia de Peter Gabriel e dos Genesis, 7 discos até ao «The Lamb Lies Down on Broadway» do ido ano de 1974.
- Páginas centrais sob o título «Uma família inglesa", para falar de grupos como Pop Group, Maximum Joy, PigBag e Rip Rig + Panic.
- Na Página 12 Busca no Sótão relembra a carreira e discografia de Jackson Browne, «A voz solitária de um compositor».
- Os habituais Pregões e Declarações na página 13, "É difícil dizer o que é impossível, pois a fantasia de ontem é a esperança de hoje e a realidade de amanhã" era o pregão da semana.
- Página 14, crítica para o programa de televisão «count down», já não me recordo bem dele.
- Página 15, «Cardápio» dá as sugestões da semana.
- Página 16 fala do filme "O Alvo" com Matt Dillon (uma fotografia deste, já anteriormente usada, ocupa quase toda a página) e Gene Hackman.
- Página 17, «Este Mundo e o Outro» analisa dois discos: «Terra Prometida» de Lena D'Água e «Circuses And Bread» dos Durutti Column, "...igual ao melhor de si, e continua a ser um dos lugares mais sólidos e ternamente acolhedores na podridão que parece ter lançado amarras à nova Música Nova."
- Os nº1 dois Topes das páginas 18 e 19 são muito fracos, salva-se o nº 1 da lista de Independentes da Grã-Bretanha, "Victorialand" dos Cocteau Twin.
- Página 20, anúncio único da edição para breve do duplo LP "Divergências" pela etiqueta Ama Romanta, uma colectânea do Rock português de então, Mler If Dada, João Peste, Pop Dell'Arte, Croix Sainte, Bye Bye Lolita Girl, Essa Entente, etc. etc..

Limbus 3 - Valiha

O Início do Krautrock


Limbus 3 era um grupo de Krautrock fundado em 1968 em Heidelberg, Alemanha.

A estreia de Limbus 3 em gravações é feita em 1969 com o LP "Cosmic Experience Music", onde os três músicos Odysseus Artnern, Bernd Henninger e Gerd Kraus  tocam os mais diversos instrumentos: guitarra, violino, violoncelo, flauta, percussões, etc..
O som dos Limbus 3 corresponde a uma forte experimentação, utilizando para o efeito uma multiplicidade de instrumentos, alguns pouco usuais. Eram predominantemente acústicos e o uso de tablas, cítara e diversas percussões remetia para influências da música étnica proveniente de África e Índia.




"Cosmic Experience Music", também conhecido por "New Atlantis", nome da faixa de mais de 20 minutos que ocupa todo o lado B, é um disco composto por 4 faixas de música instrumental improvisada e consideravelmente avant-garde quando foi editado.

Em 1970 um segundo percussionista, Matthias Knieper, junta-se ao grupo e passam a designar-se Limbus 4.

Junto a faixa "Valiha" deste, então estranho e pouco acessível LP.



Limbus 3 - Valiha

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Floh de Cologne - Einf hrun/Ansprach/Zuerst Kommen

O Início do Krautrock

O Krautrock como movimento musical do final dos anos 60 e anos 70 ocorrido na então Alemanha Federal era caracterizado pela fusão de vários estilos musicais, por um lado, o Rock psicadélico e progressivo, tipo Pink Floyd, Velvet Underground, e a música erudita do século XX, Stockausen e Schönberg, por outro, pelo meio algumas pinceladas de minimalismo, improvisação e colagem de sons dispersos.
Já identificámos alguns grupos iniciadores do Krautrock, como os Can, os Amon DüülAmon Düül II ou os Xhol Caravan. Outros ainda  merecem o devido destaque, por exemplo, os Floh de Cologne, Limbus, Tangerine Dream ou os mais conhecidos Kraftwerk.

Hoje, fazemos passagem pelos Floh de Cologne.

Constituídos, em 1966, por estudantes anarquistas da Universidade de Colónia, a sua música reflectia preocupações vincadamente política. Numa época de grande contestação à guerra do Vietname, o primeiro LP vai ser prova manifesta do envolvimento político do grupo e é a temática dessa primeira gravação. "Vietnam", o nome do primeiro álbum editado em 1968, é precisamente um manifesto contra a guerra do Vietname.





Ao ouvir "Vietnam" é inevitável encontrarmos semelhanças com os norte-americanos Fugs e também com The Mothers of Invention, navegavam nas mesmas águas.

Como mostra deste álbum ficamos com as faixas iniciais, "Einf hrun/Ansprach/Zuerst Kommen".



Floh de Cologne - Einf hrun/Ansprach/Zuerst Kommen

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Xhol Caravan - Electric Fun Fair

O Início do Krautrock


Soul Caravan, Xhol Caravan e finalmente Xhol são as sucessivas designações de um dos primeiros grupos alemães que estiveram, no final dos anos 60, na génese do mais tarde chamado Krautrock.

Os Xhol Caravan, ou melhor os Soul Caravan para começarmos no início, constituíram-se em 1967, antes portanto da maior parte dos grupos alemães que se tornaram famosos, CanAmon Düül II, Tangerine Dream etc., etc.. É em 1967 que gravam o primeiro LP, "Get In High", um disco marcadamente Soul a que não será alheio a presença de dois cantores negros. Algumas influências psicadélicas são já notórias.

Reformulações na constituição do grupo levaram à mudança de nome para Xhol Caravan assim como à sonoridade do grupo. A sua música desenvolveu-se cada vez mais em direcção ao psicadélico e ao improviso jazzístico, fazendo lembrar os britânicos Soft Machine.
Em 1969 editam "Electrip" que reflecte essa mudança, ou seja concretizaram um som próprio baseado na fusão do Rock psicadélico, o Free-Jazz e alguma experimentação electrónica.




No texto que acompanha a edição em CD pode-se ler, citando Martin C. Strong no livro "The great psychedelic discography",:
"After modifying their name to Xhol Caravan, they produced one of the first German progressive albums in the 1969's "Electrip". As the name might suggest, it was fairly psychedelic in nature, adding multicolored brush strokes to the inspired jazz fusion contained within its grooves."

Deste LP fica para audição a faixa de abertura "Electric Fun Fair".



Xhol Caravan - Electric Fun Fair

terça-feira, 24 de maio de 2016

Holger Czukay - Boat-Woman-Song

O Início do Krautrock


Holger Czukay é a escolha para hoje.
De acordo com a wikipédia Czukay estudou entre os anos de 1963 e 1966 com Stockhausen, tendo o seu interesse pela música Rock sido manifestado após a audição de "I Am the Walrus" dos The Beatles em 1967.
Mais conhecido como um dos elementos do grupo alemão Can, formado em 1968, nele se manteve até ao ano de 1977.

No mesmo ano que os Can editavam o primeiro álbum, Hoger Czukay editava também o primeiro registo a solo de nome "Canaxis 5", estávamos no ano de 1969.


A edição original é creditada a Technical Space Composer's Crew, sendo posteriormente mudada para Holger Czukay & Rolf Dammers (este último co-produtor).
Em "Canaxis 5", considerado um disco de fusão da electrónica com a música étnica, Holger Czukay mistura múltiplas amostras de sons, desde sons de rádio de ondas curtas a sons étnicos oriundos do Japão, Austrália e Vietname.
Na capa da edição em CD pode-se ler:
"A few month after the foundation of CAN Holger Czukay recorded is first solo-album CANAXIS. The music has its origins in different parts of the world. It was arranged with the intuition of exploring and preserving the genuine caracter and beauty in an ambient context. Here for the first time Czukay employed the idea of "sampling"."

"Canaxis 5" ou somente "Canaxis" é composto por dois únicos temas, "Boat-Woman-Song" e "Canaxis" a preencherem respectivamente as faces A e B do LP.

Tendo por base gravações do canto de duas mulheres vietnamitas não identificadas, "Boat-Woman-Song" desenvolve-se, em mais de 17 minutos, numa atmosfera campesina  próximo do que se viria a designar por música ambiente. Dada a extensão ficamos somente com o início de "Boat-Woman-Song".



Holger Czukay - Boat-Woman-Song

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Can - Father Cannot Yell

O Início do Krautrock


A par com os Amon Düül II, o grupo Can é do mais representativo do Rock alemão emergente nos finais dos anos 60 e que ficou conhecido por Krautrock.

Formados em Colónia em 1968, os Can constituíram-se como uma das bandas mais vanguardistas - não só na Alemanha - do seu tempo. Veja-se as referências musicais que facilmente se encontram em qualquer literatura referente aos Can: Rock, Acid-Rock, Rock Experimental, Rock Progressivo, Rock Psicadélico, Blues, Jazz, Free-Jazz, Música Clássica, Música de Câmara,  Música Electro-Acústica, Música Electrónica, Música Avant-Garde, Minimalista, World Music, Underground, Ambiente. Era pois desta profusão de estilos e géneros musicais que os Can se alimentavam.
Ao seu tempo praticaram uma música pouco acessível, que dificilmente se enquadrava nos cânones do Rock e mais nas experiências vanguardistas de Stockausen.

Dos 5 elementos  constituintes dos Can iniciais é de citar, em particular, o pianista Irmin Schmidt e o baixista  Holger Czukay, ambos com formação clássica e estudantes de Stockausen, que, para além das gravações com os Can, possuem uma longa discografia a solo.





O primeiro álbum "Monster Movie", editado em 1969, é composto por 4 faixas, sendo o lado B (à semelhança do primeiro álbum, do mesmo ano, dos Amon Düül II) todo ocupado com a faixa "Yoo Doo Right" com mais de 20 minutos. "Monster Movie" é hoje um clássico dos Can e do Krautrock.

Do universo Rock aqueles que lhes eram mais próximos seriam The Velvet Underground, Frank Zappa e os Pink Floyd.
Na faixa de abertura, "Father Cannot Yell",  seleccionada para audição, a influência dos The Velvet Underground parece-nos estar bem presente.



Can - Father Cannot Yell

domingo, 22 de maio de 2016

Amon Düül II - Kanaan

O Início do Krautrock


Formada a partir do movimento estudantil da segunda metade da década de 60, Amon Düül foi uma comuna de artistas originária da cidade de Munique. Como forma de sustentar a comuna constituíram o grupo Rock, com o mesmo nome, de qualidade duvidosa.

Do colectivo Amon Düül emergiram entretanto alguns membros com capacidades técnicas e musicais superiores que divergiram da comuna formando o grupo Amon Düül II.  Chris Karrer, John Weinzierl, Peter Leopold, Falk Rogner e Renate Knaup constituíram o núcleo central dos Amon Düül II.

Os Amon Düül II são considerados um dos pioneiros do Krautrock, tendo desenvolvido uma sonoridade vanguardista baseada no Rock psicadélico e progressivo e foram a primeira grande banda a ter reconhecimento fora da Alemanha. Com uma sonoridade própria, claramente avant-garde,distinta dos seus congéneres britânicos e americanos, mais influenciados pelos Blues, tiveram logo no primeiro disco "Phallus Dei", de 1969, uma boa aceitação.

Um disco predominantemente instrumental com temas longos (a faixa "Phallus Dei" dura mais de 20 minutos e ocupa todo o lado B do LP), onde uma miscelânea de sons electrónicos inovadores fizeram deste disco uma obra avançada no tempo, é hoje uma referência dos primórdios do Krautrock.






Logo na primeira faixa "Kanaan", somos surpreendidos por uma mescla de sons, percussões africanas, cítaras, guitarras, teclados, como que iniciadores de uma dança tribal que se desenvolve em crescendo até à apoteose final.
Diríamos criadores de ambientes góticos quando tal conceito ainda não fazia parte da gramática da música Rock.



Amon Düül II - Kanaan

sábado, 21 de maio de 2016

Amon Düül - Mama Düül und Ihre Sauerkrautband Spielt Auf

O Início do Krautrock

Na Alemanha dos anos 60, a música Rock parecia passar-lhe ao lado. Sómente no final da década com a explosão do Rock psicadélico é que a Alemanha despertou para o fenómeno Rock.
Por volta de 1968, a contestação estudantil, as preocupações ambientalistas e anti-nucleares atingiram proporções que permitiram o despontar de uma intelectualidade jovem que se vai manifestar de múltiplas formas, a musical incluída. As influências tardias do movimento hippie fizeram-se também, finalmente, sentir com o retorno a casa de muito jovens que experimentaram a nova cultura em países como Marrocos ou a Índia. As experiências vanguardistas de Stockhausen (1928-2007) na música electrónica ganham notoriedade  e vão ser influentes nos jovens grupos que a incorporam na música psicadélica então dominante.

A imprensa britânica vai designar este novo estilo de música, oriunda da Alemanha, que fundia o Rock psicadélico com a electrónica, a improvisação e um minimalismo manifesto, de Krautrock.

Rolf Ulrich Kaiser, o crítico alemão de Rock, que temos seguido no seu livro "O Mundo da Música Pop" afirma, na sequência do Festival de Monterey de 1967:
"Nos fins de Setembro de 1968 teve lugar um festival parecido em Essen (Alemanha Ocidental) integrando uma parte de folk e rock e outra de cultura underground. Mais de 40000 visitantes ocorreram para verem os 200 artistas participantes. O ponto culminante do festival foi o espectáculo nocturno Let´s take a trip to Asnidi. Aquele festival foi a primeira grande documentação apresentada na Europa sobre os diferentes géneros musicais da actualidade e da cultura underground."






Pelo Festival, que ocorreu na cidade de Essen entre 25 e 29 de Setembro de 1968, passaram alguns músicos e grupo ingleses: Julie Driscoll, Brian Auger & the Trinity, Family, Alexis Korner, americanos: The Mother of Invention, The Fugs, David Peel, Tim Buckley e entre os alemães: Tangerine Dream, Amon Düül, Peter Brötzmann, Floh de Cologne, Guru Guru.
Por estes e outros iniciadores do Krautrock faremos os próximos Regresso ao Passado.

A primeira abordagem vai para os Amon Düül.

Amon Düül foi, na sua génese, uma comuna de artistas radicais formada em 1967 em Munique, tendo dado origem a dois grupos, os Amon Düül propriamente ditos (também referidos por Amon Düül I) e os mais conhecidos Amon Düül II.
Em 1968 os Amon Düül efectuaram uma série de gravações de improviso que vão dar origem aos três primeiros álbuns. O primeiro saído em 1969 foi "Psychedelic Underground".





Editado em 1969, "Psychedelic Underground" é um álbum profundamente experimental e claramente não comercial, infelizmente com uma qualidade do som que não nos pareceu a melhor.
Das 6 faixas que compõem este LP escolhemos "Mama Düül und Ihre Sauerkrautband Spielt Auf" (Mama Düül and her Sauerkrautband Strike Up) parcialmente ocupada por uma ruidosa bateria num só canal de estéreo. Segundo várias fontes o termo Krautrock tem origem precisamente neste tema.



Amon Düül - Mama Düül und Ihre Sauerkrautband Spielt Auf

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Os Charruas - Os Teus Olhos Senhora

Data de 1967 a formação de um conjunto do qual só me lembrava do nome e pouco mais, eram Os Charruas.
Estes eram formados por alunos da Escola de Regentes Agrícolas de Santarém e tinham na sua formação um músico que veio a ter (e tem) alguma notoriedade, o Caboverdiano Dany Silva de “Branco, Tinto e Jeropiga”, lembram-se? estávamos no ano de 1981. No ano de 1968 participam, no Cinema Império, em Lisboa, no 1º Festival de Música Moderna tendo obtido o 3º lugar atrás do Conjunto Diamantes Negros e dos vencedores Psico (ex-Espaciais).




A polémica da classificação vem expressa na contra-capa do EP por eles editado em 1968, diz assim:
“Para quem acompanha o movimento da música moderna em Portugal o nome de “OS CHARRUAS” não é certamente, desconhecido.
E isto porque o conjunto, “nascido” em Fevereiro de 1967, tem percorrido o Continente em variadíssimas actuações de êxito. No 1º Festival de Música Moderna, organizado pelo CITU, o conjunto obteve um honroso 3º lugar, (entre dezenas de concorrentes), embora protestado por grande parte do público que lhe queria “dar” o 1º posto."

O disco é composto por 4 temas originais: “Povo”, “Come on, Baby, Come on”, “Love, Love Are Words” e “Os teus olhos, Senhora”.
O tema que ficou como marca foi este último “Os teus olhos, Senhora”, numa linha, pouco interessante, muito “música ligeira”, e é o que segue para audição. A guerra colonial em África poria fim ao conjunto Os Charruas no ano de 1971. Com nova formação ressurgiram em 1994 e por lá passaram para além do Filipe Mendes (Phil Mendrix), a fadista Kátia Guerreiro.



Os Charruas - Os Teus Olhos Senhora

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Sheiks - Lord, Let It Rain

Mais um, o sétimo, retorno aos Sheiks.
Os Sheiks seriam dos primeiros conjuntos a romper com a sonoridade dominante influenciada por Cliff Richard e The Shadows e a enveredar por um pop/rock mais condizente com os então já dominantes The Beatles. São também dos primeiros a tentar uma internacionalização que os leva em finais de 1966 a uma série de concertos em Paris. “Missing You” chega a ser editado em Espanha, Inglaterra e França. Ainda em Paris gravam um EP, “Sheiks em Paris”, com 2 temas de Paulo de Carvalho/Edmundo Silva e outros 2 de Carlos Mendes/Edmundo Silva, onde o tema forte era “Lord, Let It Rain”.




Sem dúvida o melhor Pop que por cá se fazia e não menor que, boa parte, do que de lá de fora se importava, ficando a ideia que, fossem eles ingleses, por exemplo, o futuro teria sido outro (mesmo assim consta que ainda em Paris foram convidados pelo empresário que representava os Rolling Stones, o qual não se terá concretizado por falta da autorização da família de um dos elementos dos Sheiks).
Gorada a internacionalização e regressados a Portugal, Carlos Mendes abandona o conjunto e é substituído por Fernando Tordo. O fim dos Sheiks estava próximo.
Fiquemos então com o “Slow”, típico da época, “Lord, Let It Rain” de "Sheiks em Paris”.



Sheiks - Lord, Let It Rain

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Victor Gomes - Há-de Voltar

“O Rei do Twist” em Portugal era Victor Gomes.
O título conquistou-o no Teatro Monumental, em 1963, no primeiro concurso de ritmos modernos organizado em Portugal, e o melhor foi Victor Gomes e os Gatos Negros.

Em passagem anterior ficou, praticamente, tudo dito sobre o Victor Gomes. A curiosidade agora é que ele ainda anda por aí, no clip seguinte podemos vê-lo no “Maxime” (entretanto desaparecido) em Agosto de 2010 acompanhado pelos Ena Pá 2000





Num registo bem mais antigo podemos recordar Victor Gomes e os Gatos Negros na RTP, estávamos em 1965 e o mundo da música moderna era assim.





Podia-se ler em artigo, de 1964, no “Jornal do Algarve”, a propósito de um concerto de Victor Gomes em Tavira:
“Muita gente não faz a menor ideia do que sejam "Gatos Negros" e o arriscado trabalho a que se expõem; não faz nem pode, pudera, mas realmente trata-se de um curiosíssimo fenómeno que nos deixa perplexos, estupefactos e obliquados em relação ao centro da terra. Trata-se de um conjunto de quatro espécimes de felinos raros que, com as suas violas eléctricas - claro -, fazem cortina sonora às arriscadas demonstrações de epilepsia aguda de um quinto felino, este muito mais responsável.”

 E ainda:
“A este apelo, alguns adolescentes, uns mais impúberes que outros, subiram ao tablado e entraram activamente a joeirar no estilo, com grande gáudio da gataria, pelo qual o Vitor se pôs de pé sobre o piano; isto na impossibilidade de subir aos telhados adjacentes que era, na verdade, o local ideal e típico para as actuações deste conjunto.”
(textos retirado do blog “Os Reis do Yé Yé”)

Quanto a gravações dessa época a única que existe é o EP “Juntos outra vez” gravado não com os Gatos Negro, mas com Os Siderais do Porto.
Desse EP ficamos com “Há-de Voltar”



Victor Gomes - Há-de Voltar

terça-feira, 17 de maio de 2016

Os Claves - Crer

Já passaram 50 anos!
Os Claves foram os vencedores do concurso de música Ié-Ié realizado no Teatro Monumental em 1966 e esta é a terceira passagem por este significativo grupo do Pop-Rock praticado em Portugal na década de 60.
Gravaram, precisamente em 1966, 2 EP. Do primeiro já ouvimos “Keep on Running” e do segundo “California Dreaming”, quer um quer outro, grandes sucessos na época respectivamente pelos Spencer Davis Group e The Mamas and the Papas.

Depois da gravação dos 2 EP e de acordo com Aristides Duarte em “Memórias do Rock Português": “Os Claves continuaram a dar espectáculos em vários locais de Portugal, onde eram solicitados, mas o facto de serem estudantes, impediu-os de continuarem a sua carreira musical.”
Já agora, de acordo com a mesma fonte o prémio pela vitória no concurso foi de 15 contos (75€), nada mau! O conjunto terminaria em 1967.





O único original, cantado em português, saído no 1º EP, dá pelo nome de “Crer” e é referido entre o melhor feito na nossa língua naquela época. É um original de Luís Pinto de Freitas, viola-solo e voz do conjunto, e terá composto “Crer” precisamente para a final do concurso.



Os Claves - Crer

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Os Ekos - Hoje, Amanhã e Sempre

Os Ekos foram dos conjuntos portugueses de Ié-Ié mais populares da década de 60.

Um artigo da revista “Plateia” de 1965 com o título “Três componentes dos “Ekos” ingressaram na vida militar, mas o eco dos seus êxitos avoluma-se na rádio” começava assim:
“No espaço menos de um mês, a primeira edição do seu disco (e em Portugal poucos discos alcançam mais do que a primeira edição) esgotou-se. À 23ª Hora chegam constantemente pedidos de transmissão que geram outros pedidos. «Os Ekos» têm o dom de se repetirem sem causarem a saciedade. Ouvi-los é querer ouvi-los outra vez, e outra, e outra. Desaparecidos já entre nós uma série de conjuntos e desmembrados outros, o êxito dos «Ekos», numa altura em que os próprios «Beatles» entraram em flagrante declínio, é um êxito inesperado… mas evidente”
(Quem se lembra do programa 23ª Hora? Já agora, onde é que viram The Beatles em flagrante declínio em 1965?)

Depois do êxito que foi “Esquece”, de 1965, Os Ekos gravariam ainda no mesmo ano um segundo EP também totalmente cantado em português. “Diz que me amas” era o tema principal, mas a escolha vai para “hoje, amanhã e sempre” que é baseado num tema de Liszt (vejam bem um conjunto português de Ié-Ié, em 1965, ter por inspiração Liszt).





Liszt em ritmo “Shake”? É verdade, ouçam “Hoje, Amanhã e Sempre” de Os Ekos.



Os Ekos - Hoje, Amanhã e Sempre

domingo, 15 de maio de 2016

Os Dardos - Sleepwalk

The Shadows! Sempre The Shadows!
Quem é que não ouvia The Shadows?
Quem é que não dançou The Shadows em algum baile de garagem? E qual o conjunto que não tocou (ou foi influenciado por) The Shadows?
Por este Regresso ao Passado já passaram alguns grupos portugueses da década de 60 cuja sonoridade era marcadamente influenciada pelos The Shadows. Conjuntos houve que nem sequer efectuaram qualquer gravação comercial, mas que animavam os bailes da sua região ao som dos The Shadows.

Era, provavelmente, o caso de Os Dardos que escolhi para hoje.
Deste conjunto pouco ou quase nada consegui descobrir. Li algures que eram do Barreiro e que mais tarde estiveram na origem dos Perspectiva, estes sim conhecidos e com gravações. Não deixaram qualquer disco, nem um Single para amostra, tocavam muitos instrumentais.
O que é certo é que algumas gravações, que descobri algures na net, chegaram aos nossos dias e aí estão Os Dardos e “Sleepwalk” um bonito tema popularizado pelos The Shadows.

Comecemos pela versão dos The Shadows, em 2004, e o seu “Sleepwalk”.





Segue Os Dardos e a interpretação de “Sleepwalk”, irresistível será um pé de dança, não?



Os Dardos - Sleepwalk

sábado, 14 de maio de 2016

Álamos - O Comboio

Terceira passagem pelo Conjunto Universitário Os Álamos ou somente Álamos.

Deste grupo de Coimbra, recuperamos mais uma vez o primeiro EP de 1966 começando pelos habituais elogios no texto da contra-capa do disco:
“Tendo aparecido em Coimbra há pouco mais de dois anos, o Conjunto Universitário “OS ÁLAMOS” é neste momento uma das grandes realidades no campo da música ligeira moderna. Solicitado a actuar nas melhores salas de espectáculo do Continente e Ilhas, agradando ao público comos seus sucessos na Radio Televisão Portuguesa, este conjunto surge-nos agora com a sua primeira gravação comercial, reunindo neste 45 R.P.M., quatro dos seus maiores sucessos:
“O COMBOIO” – arranjo do conjunto com base num trecho musical de JOSÉ CID TAVARES, que dedicou e ofereceu aos ÁLAMOS.
“BABY IT’S YOU” – “TASTE OF HONEY” e “THE NIGHT BEFORE” – Três trechos musicais presentemente no “HIT-PARADE” os quais têm também um arranjo do próprio Conjunto.”




O tema escolhido é “O Comboio” que se repararem é, nem mais nem menos, do José Cid naquilo que pensamos ser a sua primeira composição (anterior, portanto, à conhecida “A Lenda De El-Rei D. Sebastião”).
Sem mais demoras vamos lá ouvir “O Comboio”, um “Locomotion”, como é referenciado na capa, interpretado pelos Álamos.



Álamos - O Comboio

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Led Zeppelin - You Shook Me

O British Blues


Terminamos esta passagem pelo British Blues da década de 60 com o grupo Led Zeppelin. É verdade, os Led Zeppelin, o grupo conectado com o Hard-Rock e até com o Heavy Metal, eram um grupo fortemente influenciado pelo Blues, o que era mais patente no seu início, em particular no primeiro álbum "Led Zeppelin" de 1969.

Os Led Zeppelin constituíram-se em 1968 a partir do fim do conjunto de Blues Yardbirds onde Jimmi Page tocava guitarra, John Paul Jones era um músico de estúdio, tocava baixo e teclados, Robert Plant e o baterista John Bonham vinham de um grupo pouco conhecido, os Band of Joy.

No início de 1969 é então editado o primeiro LP "Led Zeppelin".




Deste álbum já recordámos "Black Mountain Side" e "I Can't Quit You Baby", hoje é a vez de "You Shook Me", um original de Willie Dixon interpretada pela primeira vez por Muddy Waters em 1962.

Pena é que estas influências não se tivessem mantido por mais tempo, digo eu. Para o site allmusic.com esta versão dos Led Zeppelin é "a heavy, pummeling bit of post-psychedelic blues-rock, with healthy doses of vocal histrionics from Robert Plant and guitar fireworks from Jimmy Page."



Led Zeppelin - You Shook Me

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Jethro Tull - It's Breaking Me Up

O British Blues

Jethro Tull foi um dos grupos mais interessantes surgido no florescente meio musical de Inglaterra na década de 60.
No seu início foram uma banda conectada com o British Blues, Mick Abrahams guitarrista original dos Jethro Tull e que só permaneceu no grupo até à edição do 1º LP "This Was", era o elemento mais ligado ao Blues, tendo abandonado o grupo em discordância com Ian Anderson mais motivado por preferências como o Folk e o Rock progressivo.
"This Was" editado em 1968 é uma amálgama inédita  de sons conferindo aos Jethro Tull uma originalidade que iria marcar os primeiros anos do grupo. Ian Anderson, em declarações ao Record Mirror, vai caracterizar este primeiro disco como "a sort of progressive blues with a bit of jazz." Em jethrotull.com pode-se ler, "Jethro Tull was initially a strange kind of blues band".




Terá sido este som estranho que cativou o meu gosto pelos Jethro Tull e em particular por este primeiro LP.
"My Sunday Feeling", "Some Day the Sun Won't Shine for You", "Beggar's Farm", "It's Breaking Me Up" e "Cat's Squirrel" são os temas que mais remetem para o som Blues do qual o grupo se iria progressivamente afastando. Talvez premonição, assim terminavam as notas impressas na capa do LP:
"This Was commenced on Thurday 13th June an finished on Friday 23rd (1968). This Was how we were playing then - but things change. Don't they."

"It's Breaking Me Up" é um tema de Ian Anderson, com voz e harmónica dele próprio, a flauta ainda não predominava.



Jethro Tull - It's Breaking Me Up

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Ten Years After - I'm Going Home

O British Blues

Para o fim desta passagem pelo que ficou designado como The British Blues três grandes grupos da história do Rock: Ten Years After, Jethro Tull e Led Zeppelin.
Foram três grupos marcantes na música popular do final da década de 60, década de 70. Constituíram-se respectivamente nos anos de 1966, 1967 e 1968 e os primeiros LP foram editados respectivamente em 1967, 1968 e 1969. Com sonoridades distintivas facilmente identificáveis (particularmente nos Jethro Tull e Led Zeppelin) tiveram em comum o facto de na sua génese terem tido uma forte influência do Blues.

Comecemos pelos Ten Years After.
Os Ten Years After tiveram no período de 1966-1975 a sua fase mais criativa, nesse período gravaram  oito álbuns de originais, regra geral bem aceites pela crítica. Alvin Lee (1944-2013) era o elemento que mais se destacava na composição, na voz e no virtuosismo com que tocava guitarra.





Já recordámos o primeiro homónimo LP com o conhecido tema de Blues "Spoonful", um disco que não teve grande sucesso; começaram a ser mais notados em 1968 com a edição do álbum "Undead" gravado ao vivo num pequeno clube londrino (Klooks Kleek). Composto por somente 5 faixas terminava com o tema que viria a dar fama aos Ten Years After, nomeadamente depois de ter sido executado no festival de Woodstock no ano seguinte: "I'm Going Home".
Um disco onde eram bem patentes as qualidades técnicas e a velocidade com que Alvin Lee manipulava a guitarra.



Ten Years After - I'm Going Home

terça-feira, 10 de maio de 2016

Jimi Hendrix - Red House

O British Blues

Jimi Hendrix (1942-1970) nasceu nos EUA, mas é justo referi-lo aqui enquadrado no British Blues.

Considerado por muitos como o maior guitarrista da história do Rock'n'Roll, inicia carreira nos Estados Unidos, onde manifesta uma forte influência do Blues, acompanhando entre outros Little Richard.
Em 1966 parte para Londres onde com a formação do trio The Jimi Hendrix Experience vai finalmente conhecer o sucesso. É em Londres que vai gravar nos anos de 1967 e 1968 três discos fundamentais: "Are You Experienced", "Axis: Bold as Love" e "Electric Ladyland".

"Are You Experienced", gravado entre 1966 e 1967, é um disco com uma sonoridade predominantemente pesada onde se podem encontrar vários géneros musicais, do Hard-Rock e Rock psicadélico ao Blues e Rhythm'n'Blues. As edições do Reino Unido e dos Estados Unidos são significativamente diferentes, com a última a incluir, como era hábito, os êxitos alcançados em Single, "Purple Haze", "Hey Joe" e "The Wind Cries Mary".




"Remember" e "Red House" são as faixas que mais se aproximam do som anteriormente praticado nos Estados Unidos por Jimi Hendrix.
Em particular "Red House" transporta as raízes Blues de Jimi Hendrix para as novas sonoridades praticadas pela sua "Experience", curiosamente não foi incluída (à semelhança de "Remember") na versão americana de "Are You Experienced".

Segue "Red House" o Blues de Jimi Hendrix praticado em Inglaterra em 1967.



Jimi Hendrix - Red House

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Shicken Shack - You Ain't No Good

O British Blues

Os Shicken Chack foram um grupo britânico de Blues tendo como líder o guitarrista Stan Webb, começaram a tocar no famoso Star Club de Hamburg antes de em 1967 passarem a actuar regularmente no Reino Unido em festivais e clubes onde era possível encontrar a nata do British Blues, John Mayall & the Bluebreakers e os Fleetwood Mac.
Formaram-se a meio da década de 60  mas só em 1968 é que efectuaram as primeiras gravações já com Christine Perfect (nome de solteira de Christine McVie) integrando o grupo, como teclista e vocalista ocasional.
Os dois primeiros LP são gravados ainda com Christine Perfect no grupo, tendo esta posteriormente abandonado o grupo para em 1970 integrar os Fleetwood Mac. A saída de Christine Perfect coincide com o maior êxito dos Chicken Shack, a versão de "I'd Rather Go Blind" de Etta James.




O primeiro LP, de 1968, tem a designação "40 Blue Fingers, Freshly Packed and Ready to Serve" e é composto por versões de temas de Blues de BB King, Freddie King e John Lee Hooker. Christine Perfect assina dois temas "When The Train Comes Back" e "You Ain't No Good". Ficamos com este último "You Ain't No Good".

Com formações diversas Stan Webb manteve ao longo de décadas o grupo Shicken Shack.



Shicken Shack - You Ain't No Good

domingo, 8 de maio de 2016

Christine Perfect - I'd Rather Go Blind

O British Blues

São reduzidas as referências a cantoras que nos anos 60 tenham ficado conectadas ao British Blues.
Christine Perfect é uma dessas referências.
A sua carreira musical começou em 1967 ao ingressar, como cantora e teclista, no grupo de Blues Chicken Shack com os quais grava 2 LP, em 1968 e 1969. O maior êxito dos Chicken Shack foi uma versão, editada em Single em 1969, de "I'd Rather Go Blind", um Blues gravado por Etta James em 1967. Christine Perfect vai ser considerada pelo jornal Melody Maker a melhor cantora feminina nos anos de 1969 e 1970.

Durante 1967 os Shicken Shack fazem a primeira parte dos concertos dos Fleetwood Mac. Christine Perfect conhece John McVie, baixista dos Fleetwood Mac, com quem se casa, tornando-se a conhecida Christine Mcvie que durante décadas deu voz aos Fleetwood Mac.




Entre a saída dos Shicken Shack e o ingresso nos Fleetwood Mac tempo para a edição, em 1970, de um álbum em nome próprio. Nele constava "I'd Rather Go Blind".
Ficamos então com Christine Perfect, uma das primeiras mulheres a integrar a cena musical do Bristish Blues dos anos 60, e a sua versão de "I'd Rather Go Blind".



Christine Perfect - I'd Rather Go Blind

sábado, 7 de maio de 2016

Savoy Brown Blues Band - Ain't Superstitious

O British Blues

O guitarrista Kim Simmonds iniciou em 1965 um projecto que designou por Savoy Brown Blues Band (somente Savoy Brown a partir de 1968) que ainda hoje mantém.
A Savoy Brown conheceu um percurso muito irregular em termos de composição, sendo Kim Simmonds o único músico permanente, por lá passaram dezenas de músicos sendo possível na wikipédia encontrar 32 formações diferentes até aos nossos dias. Talvez por isso não tenham tido a seu tempo o devido reconhecimento.
No entanto, citando a página www.savoybrown.com:
 "One of the earliest of British blues bands, Savoy Brown, with founder guitarist Kim Simmonds at the helm, helped launch the 1967 UK blues boom movement that brought blues music back to the USA invigorating the style forever. In the process, the band became part of the framework that launched the rock and roll music of the 1970’s. Their influence now stretches into modern rock as we know it today."

Particularmente em Inglaterra não alcançaram  o relevo de outros contemporâneos do boom do British Blues como os Fleetwood Mac ou John Mayall & the Bluesbreakers, sendo mais populares nos Estados Unidos do que nas ilhas britânicas.




Paradoxalmente o primeiro LP do grupo, "Shake Down", de 1967, não chegou a ter edição local nos Estados Unidos. Este álbum, composto quase na totalidade por versões, excepção para o instrumental "The Doormouse Rides the Rails", de nomes do Blues como Willie Dixon, BB King e John Lee Hooker, é uma agradável surpresa passados tantos anos da sua edição original, ou seja, esta selecção de Blues interpretados de uma forma tão verdadeira, ainda hoje se ouve com toda a satisfação.

"Ain't Superstitious" é um original de Willie Dixon, primeiramente gravada, em 1961, por Howlin' Wolf, e é a faixa de abertura do álbum "Shake Down".



Savoy Brown Blues Band - Ain't Superstitious

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Keef Hartley Band - Born to Die

O Bristish Blues

Keef Hartley (1944-2011) foi um baterista inglês cuja carreira começou ao substituir Ringo Starr nos Rory Storm and the Hurricanes em 1963. Em 1967 toca com John Mayall e de seguida forma o grupo com o nome próprio Keef Hartley Band onde mistura influência do Rock'n'Roll, Blues e Jazz.

Depois de passarem pelo Festival de Woodstock de 1969, gravam o primeiro álbum de nome "Halfbreed".  Terminam em 1972 com 5 álbuns editados.




"Halfbreed" está entre os melhores álbuns de British Blues dos finais da década de 60 e infelizmente nunca teve o reconhecimento devido, mantendo-se um disco por descobrir.
Na faixa inicial ouve-se uma conversa ao telefone com John Mayall a despedir Keef Hartley, a faixa final termina igualmente numa conversa, desta vez com Keef Hartley a dispensar John Mayall.
Keef Hartley Band entre o melhor Blues que então se praticava em Inglaterra.
Como mostra deste excelente LP segue a faixa "Born to Die", um longo e calmo Blues a merecer múltiplas e múltiplas  audições.



Keef Hartley Band - Born to Die

quinta-feira, 5 de maio de 2016

The Jeff Beck Group - Ol' Man River

O British Blues

Jeff Beck é mais um nome ligado ao  British Blues.
Sucessor de Eric Clapton, entre 1965 e finais de 1966, nos The Yardbirds, forma em inícios de 1967 o seu próprio grupo The Jeff Beck Group.

A formação base de The Jeff Beck Group,de 1967 a 1969, foi constituída para além do próprio Jeff Beck, por Rod Stewart e Ronnie Wood, este, futuro e actual guitarrista dos The Rolling Stones.
Depois de uma série de concertos bem sucedidos nos EUA, regressam a Londres onde gravam o primeiro LP de nome "Truth".




"Truth" é um álbum com influências do Blues mas com uma sonoridade muito mais pesada sendo mesmo considerado um disco seminal do Hard-Rock.
Entre originais de Rod Stewart e Jimmy Page, o tradicional "Greensleeves" e algumas versões de Blues, se faz "Truth". Escolhemos "Ol' Man River", uma canção do musical "Show Boat" de 1927, nas notas da contra-capa Jeff Beck escreve:
"Ol' Man River - Arranged by me, but credit must go all, everyone was super especially Rod Stewart. Again played loudly gives maximum value."
Façamos a vontade a Jeff Beck, ouçamos "Ol' Man River" bem alto.



The Jeff Beck Group - Ol' Man River

quarta-feira, 4 de maio de 2016

The Yardbirds - Smokestack Lightning

O British Blues

The Yardbirds foram entre os mais importantes grupos ingleses, a ter o Blues como principal fonte de inspiração. Pelos The Yardbirds passaram três dos guitarristas mais marcantes da década de 60, Eric Clapton, Jeff Beck e por fim Jimmy Page.

Constituídos em 1963, é ainda nesse mesmo ano que acompanham o veterano do Blues Sonny Boy Williamson, tendo o concerto de 8 de Dezembro no Crawdaddy Club sido gravado e posteriormente, em 1965, editado em LP.
É no ano de 1964 que vão ganhar maior notoriedade, quer pela edição das primeiras gravações, quer pelas famosas actuações no Marquee Club de Londres. Versões aceleradas de temas de Blues e Rhythm'n'Blues empolgavam uma juventude que fazia fila no exterior à espera que as portas do Marquee abrissem.




Depois da publicação de 2 Singles é editado o primeiro álbum do grupo, com, precisamente, gravações ao vivo no referido Marquee Club. Em "Five Live Yardbirds" o grupo é apresentado como "the most blueswailing Yardbirds" e é constituído na totalidade por versões de canções de Blues de John Lee Hooker a Howlin' Wolf.
Em 1965, Eric Clapton, sentindo-se limitado, abandona o grupo para se juntar a John Mayall, em "O Mundo da Música Pop" pode-se ler o seguinte texto de Eric Clapton:
"Estive nos Yardbirds cerca de ano e meio. Quando me juntei a eles, fi-lo somente porque não tinha mais que fazer. Era bastante desagradável, mas era o único trabalho que consegui arranjar. Ao fim de alguns meses acostumei-me a isso e esqueci-me do que era o enervante trabalho do conjunto, comparável ao de uma fábrica. Quando estamos num conjunto por mais de um ano, começamos a trabalhar por dinheiro. Mas depois, surgiram conflitos pessoais e abandonei decididamente os Yardbirds. Verificara que o trabalho destruía a minha música."

De "Five Live Yardbirds" mais um retorno ao tema "Smokestack Lightning" (já aqui recordado na versão dos Manfred Mann), original de Howlin' Wolf.



The Yardbirds - Smokestack Lightning

terça-feira, 3 de maio de 2016

The Animals - Boom Boom

O Bristish Blues


Mais uma passagem pelo grupo britânico The Animals, agora a propósito do British Blues.

The Animals constituídos em 1963 tornaram-se mundialmente conhecidos quando em 1964 tiveram o sucesso que se sabe com a gravação do tradicional "The House of The Rising Sun" que os levou ao primeiro lugar de vendas de Singles nos principais mercados discográficos. A voz profunda de Eric Burdon, os acordes da guitarra de Hilton Valentine e os arranjos do organista Alan Price, fizeram a diferença e o sucesso desta versão de  "The House of The Rising Sun". Este tradicional só viu registo em álbum na edição Norte-Americana do primeiro LP "The Animals" também de 1964, no Reino Unido somente teve, como era normal, edição em Single.




Este primeiro LP estava repleto de Blues e Rock'n'Roll, temas de Bo Diddley, John Lee Hooker, Chuck Berry, Fats Domino, Little Richard faziam parte deste álbum inicial, não havendo lugar a originais.
The Animals estiveram entre aqueles, como The Beatles, The Rolling Stones, Dave Clark Five, The Kinks, The Who, etc. , a granjearem uma popularidade enorme do outro lado do Atlântico, naquilo que ficou conhecido como The British Invasion. Ou seja os músicos brancos do Reino Unido a invadirem os Estados Unidos com a música negra que lá era praticada e que não alcançava o devido reconhecimento na população branca.
O tema escolhido é "Boom Boom" um Blues bem conhecido de John Lee Hooker gravado em 1961, The Animals editaram-no, para além de constar no álbum de estreia, em Single nos Estados Unidos.



The Animals - Boom Boom