domingo, 30 de novembro de 2014

mundo da canção nº 9 - Luíz Rego

A revista de divulgação musical "mundo da canção" teve início de publicação em Dezembro de1969,  terminando em Julho de 1985 com o nº 67 e da sua importância já muito se escreveu.
No meu caso foi o primeiro contacto escrito que tive com a música que lá ia conseguindo ouvir em programas de rádio como a "Página Um", o "Em Órbita", o "Espaço 3P" ou a "23ª Hora". Neste caso recupero o nº 9 da revista publicada em Agosto de 1970.



A capa era dedicada aos "The Beatles", no interior destacavam-se os artigos sobre os Jethro Tull, The Kinks, Joan Manuel Serrat, Teresa Paula Brito e letras, muitas letras de canções como era usual.




Entre elas lá estava o "Amor Novo" de Luíz Rego que então se ouvia na rádio.

Luíz Rego - Amor Novo

Há mais de 40 anos que não ouvia a canção "Amor Novo" de um cantor de nome Luíz Rego.
Emigrado em França desde o início dos anos 60, de forma a evitar o serviço militar obrigatório, por lá forma o grupo Les Problèmes (mais tarde Les Charlots) que serve de suporte ao popular cantor Antoine. Em 1970 a nossa rádio passa "Amor Novo" como uma uma lufada de ar fresco no panorama musical português. E de certa forma até era. Por um lado distante da crescente presença de uma sonoridade baladeira, por outro longe do saturado cançonetismo vigente, apresenta uma frescura musical cheia de influências da música Pop francesa e inglesa.




Foi pois com prazer que voltei a ouvir este "Amor Novo". Para quem já conhecia espero que desfrute com satisfação este Regresso ao Passado, para os outros aqui fica a descoberta de uma canção quase ignorada.
Há quem considere "Amor Novo" no topo da melhor música popular portuguesa, não irei tão longe, mas também não deve ser votada ao esquecimento como parece estar. Recuperemos, então, "Amor Novo".




Luíz Rego - Amor Novo

"... Viver é saber da vida
O mesmo que sabe o mar
Vai-se uma onda perdida
Outra onda a enrolar ..." 


CSN - Crosby, Stills & Nash (1º álbum)

O 1º álbum dos Crosby, Stills & Nash data de 1969 e foi então considerado pelo programa de rádio "Em Órbita" como o melhor do ano.





É também um dos primeiros álbuns que adquiri e que se conserva, felizmente, em estado perfeito. Para ouvir, ouvir, ouvir ...

sábado, 29 de novembro de 2014

Crosby, Stills & Nash - Guinnevere

Crosby, Stills & Nash já vão em 45 anos de colaboração. Foram (são) um dos grupos a granjear uma simpatia generalizada. Formaram-se em 1969 mas qualquer um deles possuía já créditos firmados noutros grupos. David Crosby tinha terminado uma relação atribulada nos míticos Byrds, Stephen Stills estava liberto após a desintegração dos excelentes Buffalo Springfield e Graham Nash provinha dos muito populares The Hollies.
A discografia de Crosby, Stills & Nash, enquanto trio, é pequena, registando-se somente 5 álbuns de estúdio em mais de 4 décadas. No entanto a produção discográfica dos seus elementos é muito maior tendo em conta a produção a solo, em duo, ou em quarteto (com Neil Young, também proveniente dos desavindos Buffalo Springfield e já com carreira a solo) nos Crosby, Stills, Nash & Young.

O primeiro e homónimo álbum "Crosby, Stills & Nash" (1969) tornou-se uma referência obrigatória na história da música popular. Recordo-me da admiração com que então tomei conhecimento de alguns dos temas mais difundidos. As superlativas harmonias vocais, os arranjos predominantemente acústicos (numa altura de crescente electrificação) produziram temas de uma imponência quase religiosa, estávamos perante algo definitivamente novo.
O álbum começava com um tema de Stephen Stills, “Suite: Judy Blues Eyes”, sendo Judy a cantora Judy Collins antiga namorada de Stephen Stills. Excelente!





"Em Órbita”, o então programa do RCP, considera Crosby, Stills & Nash o melhor álbum de 1969 e faz a leitura do seguinte texto:

“Um conjunto de três personalidades que marcou de forma decisiva todo o processo sonoro do Em Órbita de 1969. Temas que reflectindo as origens diversas dos seus criadores, constituem exemplos acabados da melhor música popular de sempre.
Notável o perfeito ajustamento da forma de inserção das líricas nas linhas melódicas desenvolvidas, atributo que lhes confere uma das suas mais marcantes características.
Crosby, Sills & Nash, são os responsáveis pelo melhor álbum de 1969.”

Para audição, “Guinnevere”, beleza em estado puro.



CSN - Guinnevere

(“Guinevere” aparece em “The Complete Bitches Brew Sessions” de Miles Davis, de 1970, numa surpreendente versão de 21 minutos)

Nick Drake - Time Has Told Me

Porque li hoje no Expresso que no dia 25 de Novembro passaram 40 anos sobre a morte de Nick Drake.
Porque não me lembro da primeira vez que ouvi Nick Drake. Seria no programa de rádio "Em Órbita" que eu ouvia regularmente? muito provavelmente.




Porque a sua música é relativamente pouco conhecida. Porque a sua música é de rara beleza. Porque nunca é demais recordá-lo, aqui fica a primeira passagem por Nick Drake. Começamos com a primeira canção, "Time Has told Me", do primeiro álbum "Five Leaves Left" decorria o ano de 1969.


Nick Drake - Time Has Told Me

Time has told me
You're a rare rare find
A troubled cure
For a troubled mind.


And time has told me
Not to ask for more
Someday our ocean
Will find its shore...

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

The Kinks - Shangri-La


No melhor do Pop-Rock britânico estão The Kinks. Gravaram mais de 2 dezenas de álbuns sendo o período mais bem conseguido o que vai de 1966 a 1978. Não fora The Beatles terem existido e The Kinks seriam hoje lembrados como são aqueles.
The Kinks, dos irmãos Ray e Dave Davies, fizeram discos de superior bom gosto. Alguns deles álbuns conceptuais (Ópera-Rock como alguns lhe chamariam, numa designação pouco feliz) como “Arthur (Or the Decline and Fall of the British Empire)” de 1969 e de onde escolhemos a faixa início do lado B “Shangri-La”. “Shangri-la” está no role das "grandes canções quase esquecidas” pelo que hoje justamente é recuperada.
Começamos com uma emocionante e impressionante interpretação de “Shangri-La”, por Ray Davies, em 2007 no concerto Electric Proms da BBC.



Ray Davies, actualmente com 70 anos, mantém-se no activo e recomenda-se. Assim esperemos que continue pois a sempre adiada reunião dos The Kinks parece cada vez mais impossível face à longa desavença dos irmãos Davies.
Para todos em busca do seu Shangri-La segue, com a mesma emoção de 1969, o original “Shangri-La” um hino à  música e à vida. 


The Kinks - Shangri-La

 Now that you've found your paradise
This is your kingdom to command
You can go outside and polish your car
Or sit by the fire in your Shangri-la

Here's your reward for working so hard
Gone on the lavatories in the back yard
Gone all the days when you dreamed of that car
You just want to sit in your shangri-la

Put on your slippers and sit by the fire
You've reached your top and you just can't get any higher
You're in your place and you know where you are
In your Shangri-la
Sit back in your old rocking chair
You need not worry, you need not care
You can't go anywhere
Shangri-la

The little man who gets the train
Has got a mortgage hanging over his head
But he's too scared to complain
'Cause he's conditioned that way
Time goes by and he pays off his debts
Got a TV set and a radio
For seven Shillings a week
Shangri-la

All the houses on the street have got a name
'Cause all the houses in the street they look the same
Same chimney pots, same little cars, same window panes
The neighbors call to tell you things that you should know
They say their lines, they drink their tea, and then they go
They tell your business in another Shangri-la
The gas bills and the water rates, and payments on the car
Too scared to think about how insecure you are
Life ain't so happy in your little Shangri-la
Shangri-la
 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Fleetwood Mac - Man Of The World

Peter Green é um nome a merecer a melhor evidência.

Façamos alguma luz sobre ele: Juntamente com Eric Clapton fez parte dos BluesBreakers de John Mayall em 1966/67. Guitarrista/vocalista e membro fundador dos Fleetwood Mac. Esteve no grupo no seu melhor período ou seja 1967-1970.

"Black Magic Woman" tão celebrada pelos Santana não é um original de Carlos Santana, mas sim de Peter Green.




Exímio guitarrista de blues (um dos melhor guitarrista de blues branco) com uma longa carreira mantém-se ainda em actividade.
De entre as muitas músicas que compôs (algumas de rara beleza) o interesse, por agora, vai para “Man of the world” que eu já não ouvia vai para mais de 40 anos. Aqui está uma óptima recordação, mais uma do nostálgico ano de 1969. É hora de recuperar Peter Green com os Fleetwood Mac e “Man of the world”, no grupo das mais bonitas músicas dos anos 60.



Fleetwood Mac - Man Of The World

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

The Drifters - There Goes My Baby

Já passámos pelas harmonias dos The Platters e dos The Coasters, continuemos, dentro da mesma linha, ou seja com uma forte acentuação melódica em detrimento do ritmo, com mais um grupo negro do mesmo período: The Drifters.

The Drifters conjunto vocal negro teve nas sua formação, até aos nossos dias, mais de 60 elementos. Aquela que aqui trago é já a 2ª formação do grupo correspondente ao período de 1958-1960, que teve  Ben E. King como vocalista principal. Nesta passagem de Ben E. King pelos The Drifters, estes atingiram grande popularidade com êxitos como “There Goes My Baby”, “Dance With Me”, This Magic Moments” e “Save The Last Dance For Me”. Mas o seu maior êxito estava ainda para vir quando encetou em 1960 carreira a solo e com produção de Phil Spector, gravou primeiro “Spanish Harlem” e depois, em 1961, o conhecido “Stand By Me”.



Quanto aos The Drifters continuariam com novos sucessos dos quais se destacaria o conhecido “On Broadway” em 1963 ou ainda “Under The Broadwalk” em 1964. Para audição recuamos a 1959 e ao primeiro êxito dos The Drifters com Ben E. King, a já referida “There Goes My Baby” . A eliminação da agressividade do Rhytm’n’Blues estava consumada, no lugar da guitarra tínhamos agora violinos, algumas réstias ainda se mantinham na vocalização áspera de Ben E. King.



The Drifters - There Goes My Baby

terça-feira, 25 de novembro de 2014

The Coasters – Down in Mexico

O cruzamento, nos EUA, nos anos 50, de várias correntes musicais, nomeadamente a Pop Music, consumida maioritariamente pela população branca, e o Rhythm’n’Blues, maioritariamente pela negra, levou ao aparecimento de novas sonoridades e permitir aos artistas negros uma maior aceitação e penetração no mercado branco. Se The Platters são um bom exemplo dessa integração, outros houve a ter, na época, grande sucesso. The Coasters e The Drifters de Ben E. King ultrapassaram barreiras e atingiram os Top das listas de Pop Music e Rhythm’n’Blues.

The Coasters, formados em 1955, mantêm-se até à actualidade mas com uma formação completamente diferente da original. O seu período de ouro vai até ao início dos anos 60 com sucessivos êxitos nas tabelas de Rhythm’n’Blues e também da música Pop.
“Yakety Yak”, de 1958, atingiu o Nº 1 nas duas tabelas referidas, era o Rock’n’Roll.




Dos vários êxitos dos The Coasters (“Searchin’”, ”Young Bood”, ”Poison Ivy”, …) não resisto à primeira gravação efectuada pelo grupo, em 1956, de nome “Down in Mexico” e tão bem recuperada por Quentin Tarantino no filme “Death Proof” (À Prova de Morte) de 2007.

Aqui vão The Coasters e “Down in Mexico”,irresistível!



The Coasters – Down in Mexico

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

The Platters - Take Me In Your Arms


 

 


Os sons dos The Platters são-me familiares, desde muito pequeno, através do EP: “The Platters – Part III”. Trata-se de uma edição Sueca de 1957 e contêm 4 faixas: “Take Me In Your Arms”, “You Can't Depend On Me”, “Temptation” e “I Don't Know Why”.
 
Recorde-se a canção mais conhecida “Take Me In Your Arms” deste EP.


The Platters – I'll Cry When You're Gone

Se, na década de 50, se verificou uma apropriação, diria adulteração, por parte dos músico brancos - Paul Anka, Pat Boone – das sonoridades negras do Rhythm’n’Blues e do Gospel, os próprios músicos negros fizeram uma aproximação, através de letras mais aceitáveis e vocalizações mais suaves e harmoniosas, ao gosto do mercado branco. Veja-se os exemplos de Nat ‘King’ Cole e The Platters para citar os mais conhecidos.

The Platters, com as suas harmonias vocais, conseguiram um êxito estrondoso com sucessos atrás de sucessos. The Platters, catalogados entre o Rhythm’n’Blues, o Soul e o Rock’n’Roll, perduram até aos nossos dias mas com uma formação totalmente diferente da original, esta só se manteve na integra nos anos 50. É este o período mais produtivo do grupo com o primeiro grande êxito, “Only You", a surgir em 1955.




Outros se lhe seguiram como: “The Great Pretender”, “My Prayer”, “Take Me In Your Arms” e “Smoke Gets In Your Eyes”. Para terminar recupero o que penso ser o primeiro Single do grupo, decorria o ano de 1954, “I'll Cry When You're Gone”. Outros tempos!



The Platters – I'll Cry When You're Gone

domingo, 23 de novembro de 2014

Os Diamantes – O Telefone

Os Demónios Negros, Os Blusões NegrosConjunto Diamantes Negros e finalmente ... 
Finalmente tira-se “Negros” não se acrescenta nada e fica só Os Diamantes.

“All I Have to Do Is Dream” é um êxito bem conhecido dos The Everly Brothers de 1958. Por cá um duo de nome OsDiamantes teve a ideia de fazer 1966 uma versão a que chamou “O Telefone”. Desconhecia semelhante conjunto e também não consegui informação relevante sobre os mesmos. Pouco interessa. O que importa é que esta versão é um verdadeiro “Tesourinho Deprimente”. Isto não é um sonho, é um pesadelo! Ouçam, então, a música em anexo e “vejam” o que estes rapazes fizeram de “All I Have to Do Is Dream”  e, já agora, o que pensavam do telefone.
 
The Everly Brothers  foram um duo com enorme popularidade, principalmente nos anos 50, e, recorde-se, com êxitos,  como “Bye-Bye Love”, “Wake up Little Sue” e este  “All I Have to Do Is Dream”. Muitos foram os que fizeram versões de temas dos The Everly Brothers, de Simon & Garfunkel a Bonnie Prince Billy e Dawn  McCarthy no excelente álbum de 2013 “What Brothers Sang”.




Depois de recordar The Everly Brothers no concerto de reunião em 1983 no Royall Albert Hall resta-nos a tal versão de Os Diamantes, o tal “Telefone”, ui!


Os Diamantes - O Telefone

Conjunto Diamantes Negros - Quero-te sempre a meu lado

Depois de Os Blusões Negros … Tira-se “Blusões” e acrescenta-se “Diamantes” e aí temos o Conjunto Diamantes Negros.
Mais ritmo Ié-Ié.
Mais um EP gravado.
Mais versões de músicas de alguma forma populares. O Conjunto Diamantes Negros, formados em 1963 sofreram as influências habituais da época, The Shadows, The Beatles, The Rolling Stones, as mais evidentes. Gravaram um único EP editado em 1966 e passados estes anos todos ainda tocam ocasionalmente.

Em 2008, face à dificuldade de então encontrar as músicas desse EP, foram os próprios a disponibilizar-me os respectivos ficheiros. Disco gravado à pressa e imposição de última hora para cantar em português, resultaram num disco, infelizmente fraco, muito fraco. Os próprios o reconhecem ao dizerem-me ” … Embora os Diamantes sejam muito críticos em relação à qualidade do dito…”.
Dois “Hully Gully”, um “Fado” e um “Shake” compõem o EP. A escolha vai para o “Shake” “Quero-te sempre a meu lado”, versão em português da canção dos The Beatles “I don’t want to spoil the party” do álbum “Beatles for Sale”. O resultado é o que se vai ver (ouvir) a começar pela letra:  “Quero-te sempre a meu lado meu amor, só tu podes consolar a minha dor, amor volta pra mim …”


Eis então o Conjunto Diamantes Negros e “Quero-te sempre a meu lado”.



Conjunto Diamantes Negros - Quero-te sempre a meu lado


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Blusões Negros – Baile de Finalistas

Fiz todo o meu ensino secundário no ENSE (Externato Nossa Senhora da Esperança), nos 2 últimos anos já Liceu Nacional de Ovar.

 
As imagens que se reproduzem referem-se ao convite para um Baile de Finalista, não conseguindo eu identificar, ao certo, o ano, atrevo-me a adiantar 1967 ou 1968. Teria portanto 11, 12 anos e muito provavelmente terei estado no dito baile que foi abrilhantado, como se dizia na época, pelos conjuntos Dragões (de S. João da Madeira) e Blusões Negros (do Porto).
 
Terá sido ao som destes conjuntos que dei os primeiros passos de dança?
 
De notar o preçário:
Senhoras – XL
Cavalheiros – L
Estudantes – XXX
Mesa – LXX
(Em escudos:40, 50, 30 e 70, respectivamente, em Euros: 20, 25, 15 e 35 … cêntimos)

Blusões Negros - Tequilla

Depois de Os Demónios Negros… Tira-se "Demónios” e acrescenta-se “Blusões” e aí temos  Blusões Negros.
Mais um conjunto do Porto.
Mais ritmo Ié-Ié.
Mais um EP gravado.
Mais versões de músicas muito populares.
Um banho de ritmo Ié-Ié e aí está pronta a servir: “Tequilla”.
O original, dos anos 50, é dos norte-americanos The Champs e pode ser lembrado no vídeo seguinte.




Na contra-capa do EP a apresentação do grupo:
Estes são os famosos ‘BLUSÕES NEGROS’. Formados há acerca de quatro anos só agora conseguiram gravar o seu primeiro disco apoiados pela etiqueta ‘RAPSÓDIA’. As suas guitarras em ritmo IÉ IÉ revivem musicalmente sucessos do passado e êxitos do presente”, que maravilha!, “sucessos do passado e êxitos do presente”.

Um “Slow”, uma Valsa, um Tango e o “Shake” “Tequilla” compõem este EP de 1966.“Les Blousons Noirs” foi uma subcultura jovem surgida em França nos final dos anos 50, sob influência americana e do Rock’n’Roll então emergente, rapidamente se alastrou a outros países. Provavelmente foi aqui que os nossos Blusões Negros foram buscar a designação e inspiração para a capa do EP.









Em dose suave ficamos com esta “Tequilla” gravada em 1966 pelos portuenses Blusões Negros.







Blusões Negros-Tequilla

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Os Demónios Negros - Coimbra

Na primeira metade dos anos 60, no nosso canto à beira-mar plantado, proliferaram os grupos Ié-Ié. Viviam musicalmente à sombra dos The Shadows e posteriormente dos The Beatles. The Shadows projectavam a imagem de meninos bem comportados (todos vestidos de igual) com melodias muito cuidadas e arranjos bem feitos. A Shadowmania invadiu o país e a maior parte dos conjuntos que lhes seguiam as pisadas eram tecnicamente débeis e musicalmente pouco inspirados, ou plagiavam descaradamente ou agarravam-se a estafados tradicionais.

Com influências dos The Shadows e The Beatles, Os Demónios Negros foram um dos muitos conjuntos que pululavam pelo país. Oriundos da Madeira não podiam deixar de tocar “O bailinho da Madeira”, mas também o bem conhecido “Coimbra” que agora sugiro.
O conhecido Luis Jardim, então muito novo, fazia parte de Os Demónios Negros onde tocava viola ritmo.
Há já alguns anos recuperou-os e podem ser vistos no vídeo seguinte, nos anos 60 e em 2007.




Quanto a “Coimbra” (um “Twist” conforme consta na contra-capa do EP), foi editada em 1965 e trata-se de uma versão que foi muito popular e frequentemente ouvida em qualquer Domingo à tarde dançante.
Com certeza a trazer boas recordações.


Os Demónios Negros - Coimbra

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

The Moody Blues – Watching and Waiting

Ainda o ano de 1969.

"To Our Children's Children's Children" foi o quarto álbum de originais dos The Moody Blues gravado em 1969 e tendo como fonte de inspiração a chegada do homem à lua. O disco atingiu uma complexidade musical assinalável e por isso não foi dos mais populares do grupo nomeadamente pela dificuldade de reprodução dos temas ao vivo. O álbum fecha com o encantador "Watching and Wating" que resgatamos da secção das boas memórias.
Um particular destaque para a enternecedora voz de Justin Hayward tão acertada numa canção tão cheia de melancolia. De realçar ainda o som do "mellotron" (instrumento dos anos 60, parecido com o órgão, e que dá entre outros o som orquestral) de Mike Pinder e que tanta influência teve na sonoridade dos The Moody Blues.


The Moody Blues - To Our Children's Children's Children


Porque é um tema imemorial e que deve ficar para sempre, "to our children's children's children", aqui vai. Para preservar e divulgar.



The Moody Blues - Watching And Waiting

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Jethro Tull – Coliseu do Porto, 6 Novembro 2000



 
Os Jethro Tull, em 2000, eram constituídos por Ian Anderson, Martin Barre, Doane Perry, Andrew Gidings e Jonthan Noyce. Ou seja da formação inicial só se mantinha o líder Ian Anderson e Martin Barre vinha já de 1969. Foi aquela formação que tive oportunidade de, muito tardiamente, ver em 6 de Novembro de 2000, no Coliseu do Porto. É verdade! Muito tardiamente… Em 2000 procuravam com a edição (no ano anterior) de “J-Tull Dot Com” o retorno aos bons velhos tempos, mas esses tinham definitivamente passado, veja-se o alinhamento do concerto focado (para além de J-Tull Dot Com”) nos anos 60 e 70. Se mesmo assim o concerto foi memorável, como seria se tivesse sido a seu devido tempo?

Jethro Tull – We used to know

Jethro Tull é o nome de um agricultor Inglês dos séculos XVII/XVIII que inventou a semeadora mecânica. Também é a designação tomada por uma das bandas mais interessantes que o Rock produziu.

Os Jethro Tull são a encarnação do seu líder, cantor, flautista, Ian Anderson.
Com uma discografia de elevado valor salientam-se os discos, das diversas formações dos Jethro Tull, entre 1968 e 1978. Altamente criativos e de uma destacada originalidade percorreram diversos estilos com influências do Jazz ao Folk Celta, mas normalmente aparecem rotulados na gaveta pouco abonatória do Rock Progressivo. Dos muitos e bons discos que produziram, hoje o realce vai para o magnífico 2ª LP “Stand UP” (1969) e começamos com “Nothing Is Easy”, os Jethro Tull no Festival da Ilha de Wight em 1970.




Deste excelente LP escolhemos ainda “We Used to Know” e uma curiosidade: cópia ou fonte de inspiração note-se as semelhanças com “Hotel California” dos Eagles. Alguém disse: “No rock nada se cria, tudo se copia”. Nem sempre é verdade, como é lógico, mas que, neste caso, as semelhanças são grandes, lá isso são.
Ora, aqui vai “We used to know” dos Jethro Tull neste retorno a 1969.



Jethro Tull - We used to know

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Van Morrison – Astral Weeks

Mais memórias de Coimbra. Agora a propósito de Van Morrison e do álbum “Astral Weeks”.Van Morrison era então, como agora, um dos meus músicos preferidos. Já dispunha de 2 álbuns dele, "Saint Dominic's Preview" e “Hard Nose the Highway” e ouvia o recém saído, o incrível duplo ao vivo, “It's Too Late to Stop Now” (1974). Mais uma vez o meu amigo António Oliveira é protagonista desta história, pois foi numa deslocação que ele fez a França que eu aproveitei para lhe pedir se me trazia o álbum “Astral Weeks”, de 1968, caso o encontrasse.

 

Não sei se nessa época ele foi editado em Portugal, mas não me lembro de o ver à venda. E é assim que na minha colecção figura este “Astral Weeks”, edição francesa. Mas na contra capa consta "Originally released in November, 1968. An original Warner Bros. recording on Midi Records.distibuted by WEA Music GmbH., a Warner Communications Company. Made in Germany. 1968 Warner Bros. Records ©1974 WEA Music GmbH”.
Na rodela do disco consta “ 1972”. O preço, conforme se pode ver na capa foi de 18,50 Francos (ou seja quase 3 €). O site http://www.discogs.com coloca o disco nos géneros Jazz, Rock, Blues, Folk, World, & Country, ou seja inclassificável.

Van Morrison – Sweet Thing

Uma pitada de Rock, Blues, Jazz, Funk, Soul, Folk (Celtic), o doseamento dos ingredientes fica  ao sabor de cada um, e aí temos o maior músico que a Irlanda nos deu a conhecer: Van Morrison.

50 anos de carreira, 40 álbuns editados e um percurso invejável, Van Morrison poderá hoje em dia já não surpreender, mas também não desilude (ou quase nunca).
Homem pouco simpático e de poucas falas, escondido no seu chapéu e nos óculos escuros, há mais de 2 anos que aguardamos por novidades discográficas (o último “Born to Sing: No Plan B” a ser muito bem recebido pela crítica).
O anterior (2009) tinha sido a recriação ao vivo do mítico álbum “Astral Weeks” de 1968, no Top 3 dos melhores discos de sempre (não estou a exagerar).
“Astral Weeks Live at the Hollywood Bowl” foi editado em DVD, donde recuperamos, para aguçar o apetite, “Sweet Thing”.



Na única passagem - penso eu - por Portugal em 1993, o concerto no Coliseu do Porto, ficou, infelizmente, muito aquém das expectativas, foi tipo “um vê-se-te-avias”.
Esperemos que algum dia se possa redimir.

Para uma audição repousada, o mesmo Van Morrison, a mesma “Sweet Thing” mas em 1968.



Van Morrison - Sweet Thing

domingo, 16 de novembro de 2014

John Lee Hooker – Boogie Chillun

A par de Muddy Waters e de B.B. King, John Lee Hooker faz parte de um conjunto de músicos de Blues que marcaram toda uma geração e influenciaram fortemente as seguintes. Originário de Mississipi, John Lee Hooker (1917-2001) ficou para sempre ligado ao Blues de Chicago, recusou arranjos sofisticados da sua música, preferindo manter, muitas vezes, a intensidade da voz e da guitarra na mais pura expressão de bluesman.

Dos músicos que influenciou (chegando a colaborar com alguns deles) os destaques vão de The Doors (versão de “Roadhouse Blues” com John Lee Hooker, “Crawling King Snake” no álbum “L.A. Woman”) a Van Morrison com quem manteve uma colaboração estreita. É reconhecida a importância que teve nos anos 60 na cena Rock inglesa, The Rolling Stones são o melhor exemplo. É da colaboração com o irlandês Van Morrison que recuperamos o vídeo seguinte de um documentário por ele realizado de 1991.



O primeiro êxito de John Lee Hooker data de 1948 com “Boogie Chillun”, voz, guitarra e o ritmo marcado pelo sapateado  foram suficientes para alcançar o nº 1 das tabelas de Rhythm’n’Blues.



John Lee Hooker – Boogie Chillun

sábado, 15 de novembro de 2014

Screamin' Jay Hawkins - I Put a Spell On You

A música negra e branca norte-americana tinham, na década de 50, características substancialmente diferentes. A interpenetração destas duas culturas musicais e respectivos mercados efectuou-se a meio da década com o surgimento do Rock´n´Roll. O mercado pop do mundo branco viu-se progressivamente confrontado com a adesão da juventude branca aos ritmos rápidos do Rhythm’n’Blues, a sua expansão fez-se adocicando, quer no ritmo quer nas letras da música negra, e no lançamento de ídolos branco de mais fácil aceitação, Pat Boone, Paul Anka, Bill Halley, Elvis Presley.

Screamin’ Jay Hawkins (1929-2000) foi um músico negro de Rhythm’n’Blues, tendo-se destacado em poderosas vocalizações  consideradas obscenas e verdadeiras representações teatrais. Screamin’ Jay Hawkins foi mesmo “… proibido de actuar em público por indecência: entrava em palco num caixão donde saía segurando um crâneo que fumava um cigarro e a que chamava Henry, provocava os espectadores física e oralmente, e depois ia-se embora envolto numa nuvem de fumo” em “POPMUSIC-ROCK” de Philippe Daufouy/Jean-Pierre Sarton.

Com carreira e discografia longas o tema pelo qual ficaria a ser conhecido foi “I Put A Spell On You” de 1956. Das dezenas de versões que teve a mais conhecida deverá ser a efectuada pelos CreedenceClearwater Revival para o primeiro álbum do grupo em 1968.
Agora a recuperação de “I Put A Spell On You” pelos Creedence Clearwater Revival, em Woodstock, a 16 de Agosto de 1969.




Outros destaques vão para “Not Anymore”, “Frenzy” ou talvez a melhor de todas “Constipation Blues”, mas não resisto a terminar com o incontornável “I Put A Spell On You”. Excelente!

Screamin' Jay Hawkins


Screamin' Jay Hawkins - I Put a Spell On You

The Bunch – Rock On

Estudava em Coimbra, em meados da década de 70, quando adquiri o álbum “Rock On” dos The Bunch.
A história é simples. Um colega de apartamento, o António Oliveira, amante de música como eu, queria vender alguns álbuns que pelos vistos na altura não lhe interessavam. Entre eles estava esta relíquia de um grupo de existência circunstancial, The Bunch, formado pelos músicos identificados na capa, ou seja os Fairport Convention e amigos – destaque para Sandy Denny e Richard Thompson – para tocarem temas de Rock’n’Roll. Trata-se de uma edição espanhola da Ariola de 1972.

 


Curiosidade: o disco custou-me 80$00 (0,40€), comprei ainda o “Lizard” dos King Crimson por 120$00 (0,60€), ou seja os 2 ficaram-me por 200$00 (1€), o preço de "Lizard", ainda na etiqueta, era de 216$50.

Buddy Holly (The Crickets) - That'll Be The Day

Foram as editoras independentes, que gravavam o Rhythm’n’Blues e que dominavam o mercado negro, as primeiras a divulgar o Rock’n’Roll.
Los Angeles, Chicago, Memphis foram algumas das cidades a estar na origem, nos anos 50, de muitos cantores cujo sucesso rapidamente ultrapassou as fronteiras locais. Entraram então em acção as editoras nacionais, predominantemente brancas, a controlar e a definir esteticamente as novas sonoridades então emergentes.
Alguns nomes, então em voga, saídos do mundo branco, foram da maior importância para a expansão do Rock’n’Roll pese as vidas curtas que tiveram: Ritchie Valens (1941-1959), Gene Vincent (1935-1971), EddieCochran (1938-1960), Buddy Holly (1936-1959), são disso exemplo.

Buddy Holly com actividade musical na década de 50, só nos 2 últimos anos de vida efectuou as gravações que lhe grangearam, então e depois, o sucesso devido. Depois de já ter gravado 2 Singles em 1956, é em 1957, como líder dos The Crickets que a editora Brunswick (especializada em Rhythm’n’Blues) se abre ao Rock’n’Roll e edita o sucesso que foi “That'll Be The Day”, 1º lugar nos EUA e no Reino Unido.

A turné em 1958 pela Inglaterra teve na assistência dois jovens que revelariam mais tarde ter sido influenciados por Buddy Holly: Paul McCartney e Mick Jagger. As canções de Buddy Holly irão ser alvo de várias versões, das quais agora recupero a de “That'll Be The Day” efectuada pelo colectivo The Bunch (família Fairport Convention e amigos interpretam temas de Rock’n’Roll) em 1972, com destaque para a voz de SandyDenny.




Em 1959 Buddy Holly faleceria de acidente de avião (juntamente com Ritchie Valens), o dia ficaria celebrizado por Don McLean, em 1971, ao recordá-lo em “American Pie” (the day the music died).
Álbum The "Chirping" Crickets de 1957




 Agora, ficamos com Buddy Holly, ou melhor, The Crickets com “That'll Be The Day”.


Buddy Holly (The Crickets) - That'll Be The Day

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Jane Birkin - Serge Gainsbourg

43 anos separam estas imagens!

Primeiro, a capa do Single, de 1969, “je t’aime… moi non plus” de Jane Birkin com Serge Gainsbourg.

 
 
Em 2012, finalmente o concerto  “Jane Birkin canta Serge Gainsbourg” , o bilhete e o folheto de anúncio do concerto.


 

 

Boas memórias!

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Serge Gainsbourg & Jane Birkin - 69 année érotique

Ainda a música francesa, agora, mais recuada.

Serge Gainsbourg e Jane Birkin foram um casal incontornável da cultura francesa das décadas de 60/70. O casal ficaria popularizado pelo polémico e bem conhecido tema “Je t’aime moi non plus“.

Serge Gainbourg enquanto músico percorreu variados caminhos, do Jazz ao Rock, do Reggae ao Pop. Teve uma vida de excesso no tabaco, no álcool e nas mulheres. Provocador nato, ficou conhecido o incidente ao vivo na televisão francesa em 1986 com Whitney Houston quando ele para espanto de todos e atrapalhação do locutor diz referindo-se a Whitney Houston “I want to fuck her”. Ou ainda o clip “Lemon Incest” por ele realizado na cama com a filha, a agora reconhecida actriz, Charlotte Gainsbourg.
Há 45 anos estávamos em 69, o ano erótico para Serge Gainsbourg . “69 Année Érotique” é precisamente o tema eleito.



Separaram-se em 1980. Serge Gainsbourg faleceu em 1991. Jane Birkin continua activa no cinema e na canção. Em, 2012, finalmente vi Jane Birkin em concerto na Casa da Música.
Recuemos a 1969 para ficar com Serge Gainsbourg & Jane Birkin e o seu “69 année érotique”.


Serge Gainsbourg & Jane Birkin - 69 année érotique

Blitz Nº 2 de 13 de Novembro de 1984

Jornal "Blitz"

Faz agora 30 anos que saiu o nº 2 do jornal Blitz (agora revista). Na capa David Bowie com chamadas para os Bauhaus e Sérgio Godinho.
Vejamos as notícias musicais de há 30 anos:

- Nas 2ª e 3ª página anunciava-se o regresso dos Dexis Midnight Runners, o novo álbum de Jean Luc Ponty, o primeiro álbum a solo de Mick Jagger, o novo LP de Bryan Adams e o regresso de Rui Veloso ao Rock Rendez-Vous.
- Na página 4 anuncia-se os concertos dos Heróis do Mar em Paris. A página 5 é totalmente preenchida com Robert Wyatt sob o título “Wyatt Finalmente”: “Animadas as hostes com a edição de «82-84» de Robert Wyatt, cedo a raiva se elevou em furiosas expressões perante o «assassínio» perpetrado por uma prensagem inacreditável, que quase ensombra a beleza de um trabalho rico e ainda inédito em Portugal.” (disto sou testemunha).



- A página 6 um trabalho de António Sérgio sobre os Bauhaus e na página 7 o novo disco de Sérgio Godinho, “Salão de Festas”.
- “No Futuro A Simplicidade” é o artigo que ocupa as páginas centrais dedicadas a David Bowie a propósito do álbum “Tonight”.
- As páginas 10 e 11 dedicadas respectivamente a Julian Lennon e a Siouxsie Sioux e o seu concerto em Lisboa.
- Página 12, “Busca no Sótão” tirava o pó a Cat Stevens e fazia a sua retrospectiva. Na página 12 Jaime Fernandes projecta a Rádio Renascença para 1985.
- Nos discos editados em Portugal referidos na página 14 passava despercebido o álbum dos Associates, “Fourth Drawer Down”. Na página 15 ficamos a saber que1º lugar do Top de Singles em Portugal era ocupado por “I Just Called To Say I Love You” de Stevie Wonder e nos álbuns o primeiro lugar ia para Tina Turner com “Private Dancer”. Nos EUA o álbum mais vendido era “Purple Rain” de Prince e na Grã Bretanha, fiel a Paul McCartney, o álbum “Give My Regards To Broad Street”.
- A última página anunciava que Sting ia ser Frankenstein. Era o filme “A Prometida”, no original “The Bride”

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Zélia Duncan – Pelo Sabor do Gesto

Ainda acerca do filme “Les chansons d'amour" e da sua magnífica banda sonora para destacar o seu autor Alex Beaupain (que também colabora noutros filmes de Christophe Honoré - ver “Dans Paris”, “La Belle Personne”-A Bela Junie). Porque as canções de Alex Beaupain (e em particular as da banda sonora de “Les chansons d'amour”) estão efectivamente a um nível que acalentam a esperança do retorno da canção francesa a um maior destaque na cena internacional.

Aqui vai então mais uma canção de Alex Beaupain, “As-tu déjà aimé?” com a respectiva cena do filme.




Os brasileiros, particularmente atentos, rapidamente descobriram Alex Beaupain e a sua influência se fez sentir.
Zélia Duncan nascida para a música na década de 90, com uma discografia a seguir com atenção grava em 2009 no CD “Pelo Sabor do Gesto” duas canções de Alex Beaupain: “Boas Razões” (Des Bonnes Raison) e “Pelo Sabor do Gesto” (As-tu déjà aimé?). Ouçamos então Alex Beaupain pela voz da brasileira Zélia Duncan, aqui numa versão ao vivo em 2011 de “Pelo Sabor do Gesto”.



Zélia Duncan - Pelo Sabor Do Gesto

Christophe Honoré – As Canções de Amor – Alex Beaupain

Memórias menos longínquas estas que vêm de França.
O ano é o de 2007, um filme e um duplo CD. 


O filme é “Les Chansons D’Amour” de Christophe Honoré.
"As Canções de Amor" é um musical que aparenta um filme “ligeiro”, mas que acaba por ser uma profunda ode a esse sentimento incansavelmente explorado no mundo das Artes.” em http://pipocasetretas.wordpress.com/

“Aime moi moins, mais aime moi longtemps” é a frase que nos fica no final do filme.

 


O CD é duplo, para além da banda sonora do filme tem um CD bónus a não desmerecer com extra de “Comme la pluie” do filme seguinte de Christophe Honoré “La Belle Personne” (A Bela Junie), assim termina o CD.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Alex Beaupain – Je n’aime que toi

Continuamos com mais uma banda sonora, esta, muito mais recente.

Em 2009, na colecção Atalanta Filmes que o jornal Público divulgou a um preço muito atractivo: 1,95€, foi-nos dado a conhecer filmes (julgo que boa parte fora do circuito comercial) que surpreenderam pela sua qualidade.
De entre eles destaco "Les chansons d'amour" que teve o César 2008 para a Melhor Banda Sonora da "Académie des Arts e Techniques du Cinéma".
O filme, do realizador Christophe Honoré, surpreende fundamentalmente pela sua naturalidade. Na história, um "ménage-à-trois", na abordagem da homossexualidade, no desempenho dos actores, nas canções de amor que percorrem todo o filme, tudo se desenrola com uma espontaneidade absolutamente cativante. Tragédia, comédia musical, amor, o quotidiano nas ruas de Paris. O retorno do melhor cinema francês? Ou a sua redescoberta depois de sucessivas décadas toldado pelas grandes produções do cinema norte-americano?
A banda sonora e o filme são um só, são indissociáveis. Banda sonora de 5 estrelas. Também aqui estaremos no regresso da música francesa? O vídeo seguinte com o "trailer" abre o apetite.



"Les chansons d'amour", um filme de Christophe Honoré, música e letras de Alex Beaupain (um músico a descobrir) interpretada pelos próprios actores. "Je n'aime que toi" é uma bela canção aqui interpretada pelo trio amoroso inicial Louis Garrel, Ludivine Sagnier e Clotilde Hesme.



Alex Beaupin - Je n'aime que toi

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Elton John - Friends

Em 1971 saiu um filme de nome "Friends" que nunca chegou a ser por cá estreado. Filme raro, julgo mesmo que não chegou a ter, por cá, edição em DVD. O filme é uma história de amor de adolescentes para adolescentes (ou quem o era em 1971).
Portanto para além do puro saudosismo, o que é que sobra deste filme? A excelente banda sonora de alguém que na época estava no apogeu da sua carreira: Elton John. Acrescente-se os óptimos arranjos de Paul Buckmaster (responsável pelos arranjos dos primeiros discos de Leonard Cohen) e os excelentes músicos que então acompanhavam EltonJohn e temos aqui os motivos suficientes para revisitar o filme e a música de "Friends".

No vídeo seguinte o trailer do filme.




Precisamente em 1971 Elton John estaria por cá no Festival de Vilar de Mouros.
No mesmo Festival, um grupo de miúdos de menos de 12 anos que dava pelo nome de Mini-Pop (dos irmãos Barreiros, mais tarde os conhecidos Jáfumega) fazia as delícias do público e de Elton John, interpretando nada mais nada menos que "Friends".
Infelizmente Elton John não manteve o nível qualitativo que então manifestava e progressivamente foi perdendo interesse à medida que ganhou em popularidade (Daniel, Nikita, Crocodile Rock, etc).

Com toda a emoção, como se tivéssemos 15 anos, segue para audição "Friends" de Elton John (recomenda-se a audição de toda a banda sonora, só disponível numa edição "Rare Masters”, que eu saiba).


Elton John - Friends

domingo, 9 de novembro de 2014

Os Ekos - Esquece

Em pleno período do Ié-Ié, concretamente em 1963, formou-se em Portugal o conjunto Os Ekos. Para muitos uma verdadeira referência do Ié-Ié. Ao vivo privilegiavam versões dos êxitos dos The Shadows, então no auge da popularidade, ainda por cima travaram conhecimento no Algarve com o Cliff Richard de quem ficaram amigos.

Nesta primeira passagem por Os Ekos vamos recordar uma versão de "Hold Me" de P.J. Proby agora com o título "Esquece", aparece no primeiro EP, de 1965, do conjunto.
P.J. Proby cantor norte-americano cujo maior sucesso terá sido “Hold Me” em 1964.




O original, e por cá a versão “Esquece”, foram muito populares. Alguns dirão que, quer uma quer outra, são pirosas, mas que, por vezes, sabe bem recordar estes sons também é verdade. Portanto, qualidade à parte, vamos reviver e não esquecer "Esquece".


(http://musicasdosanos60.blogspot.pt)
Os Ekos - 1ºEP - 1965


"Agora vejo quanto errei
pensei mal de ti, pensei
eu fazer-te mal não quis
perdoa, esquece o que fiz...
"

Que maravilha, o Ié-Ié de Os Ekos com “Esquece” estávamos no ano de 1965.



Os Ekos - Esquece

sábado, 8 de novembro de 2014

Conjunto Académico Orfeu - Nivram

Na década de 60 muitos conjuntos portugueses tomaram a designação de “Académico” (a maior parte dos conjuntos era formada por estudantes), o Conjunto Académico Orfeu foi um deles, estavam sobretudo vocacionados para animar bailaricos e festas de finalistas.

Mais uma vez a influência dos The Shadows é omnipresente. Em 1966, embora já se fizessem sentir outras influências, nomeadamente The Beatles, o Conjunto Académico Orfeu grava o bem conhecido “Nivram”, um “Fox Blues” como é referenciado na contra-capa. A utilização do xilofone a dar-lhe um agradável toque de easy-listening próprio num qualquer salão de baile.
“Nivram” anagrama de “Marvin” (Hank Marvin guitarrista dos The Shadows)? Talvez. Começamos pelos próprios The Shadows em concerto em 2004 (eles formaram-se em 1958!), a interpretar o seu velho “Nivram", Hank Marvin na guitarra solo.



E agora a versão portuguesa do Conjunto Académico Orfeu, decorria o ano de 1966, aí está, “Nivram”! (na contra-capa do EP o nome está “NIVRAN”).


Conjunto Académico Orfeu - Nivram

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Victor Gomes – Juntos Outra Vez

De retorno aos anos 60 e ao Pop-Rock português.
Em 1963 realizou-se um concurso, no Teatro Monumental, em Lisboa, organizado pelo Vasco Morgado que se chamou “O Rei do Twist”. O vencedor foi Victor Gomes e Os Gatos Negros. Estamos na presença de mais um dos avôs do Rock português.

"Victor Gomes, logo que terminou a sua actuação, tinha assegurado o título de Rei do Twist, pois será difícil, seja onde for, na América ou na França, encontrar alguém que possa interpretar muito melhor este ritmo trepidante que caracteriza bem o dinamismo do nosso século.” no blog Ié-Ié.

E ainda (referência ao "Diário Popular"):
“Esta onda (twist) que há três anos anda na Europa e está já a desaparecer, chegou agora a Portugal (...) Filas inteiras dançavam e a certa altura o pessoal do teatro teve de ameaçar alguns mais entusiastas de que os mandava pôr na rua se prosseguissem na exibição.
A juventude portuguesa, porém, está longe de se entregar aos divertimentos como o fazem os franceses, os italianos ou mesmo os londrinos, que esquecem tudo e têm causado prejuízos sérios em salas e teatros dos seus países. Os "blusons noirs" portugueses não assustam e limitam-se a dançar e a aclamar com palmas e gritos a vitória dos seus ídolos.
No final do espectáculo, a Polícia teve de novo que intervir para evitar que a juventude fosse para o palco dançar. Mas mesmo assim umas largas dezenas de rapazes e raparigas "twistaram" entre clamores e aplausos, sendo imitados nos corredores e nas coxias por "furiosos" que não se contiveram perante os apelos dos acordes lançados no ar pelas guitarras eléctricas e pela voz estentórica de Victor Gomes e os seus Gatos Negros, os reis do twist de 1963.”

Em 1964 entra no filme “A Canção da Saudade” (faz o papel do Tony, o rocker) com a actriz espanhola Soledad Miranda (para os mais curiosos: filha de portugueses, falecida em 1970 em acidente de viação na estrada do Estoril). É bom recordar algumas cenas do filme.



Do único EP gravado por Victor Gomes, em 1967, agora com Os Siderais não com Os Gatos Pretos, “Juntos Outra Vez” a canção com o mesmo nome.



Vítor Gomes - Juntos Outra Vez