quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Jethro Tull - Dharma For One

 a memória do elefante


Com este Regresso ao Passado chego ao fim da longa passagem efectuada pelo nº 7 do jornal "a memória do elefante" referente aos meses de Janeiro e Fevereiro de 1972. Também desta forma termino uma fase do meu blog iniciado em 2014. O meu objectivo foi sempre recordar temas musicais mais ou menos antigos, sobretudo das décadas de 60 e 70, esquecidas e ou pouco conhecidas, assim como disponibilizar um conjunto de informação de jornais e revistas, alguns dos quais difíceis de encontrar. Privilegiava assim os textos e a audição evitando quase sempre recorrer a vídeos do Youtube cujos links assim com estão activos também desaparecem. Pensei não correr este risco com a audição directa através de um player de áudio mas infelizmente constatei que todos foram desactivados pela  Google o que lamento. Não sei pois como irei proceder de futuro ou se me vou render a links do Youtube, a ver vamos.

A escolha de hoje vai para os Jethro Tull que numa página deste nº de "a memória do elefante" onde se dava pequenas notícias mês a mês do ano de 1971 aparecem referidos duas vezes.

Os motivos são as alterações efectuadas no grupo que naqueles tempos eram frequentes, da formação inicial de 1967 em finais de 1971 já só Ian Anderson subsistia. Depois da saída do guitarrista Mick Abrahams em 1968 para formar os Blodwyn Pig, em 1971 é a vez do baixista Glenn Cornick para formar os Wild Turkey lendo-se: "ABRIL - Operam-se modificações nos Jethro Tull: sai Glenn Cornick (que formou o grupo Wild Turkey) e entra John Evan, pianista que havia já colaborado no álbum Benefit."  depois é a vez de do baterista Clive Bunker: "AGOSTO - Os Jethro Tull têm vindo a trabalhar com um novo baterista, Barry Barlon, que assim substitui Clive Bunker. Não foram dadas nenhumas razões para o facto, mas a agência que representa os Jethro Tull negou que a substituição fosse permanente."




Da primeiro formação dos Jethro Tull consta o 1º e excelente álbum "This Was" donde escolho a faixa "Dharma For One". Uma aventura que ainda resiste ao passar dos tempos mas infelizmente esgotada.

Até breve, espero!





Jethro Tull - Dharma For One

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

a memória do elefante nº 7

 a memória do elefante


Não só de crítica musical se fazia o jornal "a memória do elefante". Jornal underground, que seguia na minha juventude de forma entusiástica, também nele constavam páginas de propaganda completamente inovadoras para a época, diria mesmo ainda hoje, bem como textos de ficção de compreensão não imediata.

É com essas páginas do nº 7 referente a Janeiro/Fevereiro de 1972 que é feito o Regresso ao Passado de hoje. Espero que apreciem.











domingo, 25 de fevereiro de 2024

The Doors - The End

 a memória do elefante


Num texto assinado por Jorge Lima Barreto e Fernando Semedo, intitulado "História e limites da música popular", publicado no nº 7 do jornal "a memória do elefante" de Janeiro/Fevereiro de 1972, termina com uma frase atribuída a Jim Morrison: "Chuis, nós também estamos armados: temos as nossas guitarras e o nosso livre-pensamento!".

Bem reveladora dos tempos que então se viviam e que antecedia o golpe de estado que por se iria verificar a  25 de Abril de 1974 e que nos iria restituir a liberdade e a democracia. Assim tudo se aproveitava para pôr em causa os valores então dominantes numa sociedade onde "A pop-music é o símbolo duma cultura em desintegração, dum processo vertiginoso de transformação, duma crise ideológica e social." Em revista vai-se de Elvis Presley e Paul Anka a Frank Zappa e os Emerson, Lake and Palmer passando pelos The Doors e Janis Joplin. Quanto a estes "Os Doors ou Janis Joplin (para além do mestre da folk-song Bob Dylan) agitam as mentalidades novas das sociedades industriais do ocidente com propostas de imoralidade e revolta."





Sinais de novos tempos com temas musicais de grande complexidade encontram-se em canções como "The End", canção longa logo do 1º LP de 1967. The Doors no seu melhor, a história da música popular passa por eles e com certeza por este tema.





The Doors - The End

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Bach - Brandenburg Concerto No 5

 a memória do elefante


"Para uma compreensão do Ritmo" é o nome do texto que se segue nesta passagem que estou a fazer pelo nº 7 do jornal "a memória do elefante" de Janeiro/Fevereiro de 1972.

Texto interessante que para total compreensão requer alguns conhecimentos musicais mas que dá perfeitamente para compreender a pretensão de Pedro Proença, o autor do artigo. Nele se contrapõe as "Pulsações iguais como aparecem na quase totalidade da Pop..." "... onde uma bateria marca constantemente a mesma escusada marcação com eventuais variações do «vira o disco e toca o mesmo»." com exemplos como "...os primeiros andamentos da 5ª sinfonia de Beethoven e do 5º Concerto Brandeburguês de Bach."




Motivo para ficarmos com Johann Sebastian Bach  e o 1º movimento "Allegro" do "Brandenburg Concerto No. 5 in D major, BWV 1050" composto por volta de 1721.





Bach - Brandenburg Concerto No 5

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Charles Mingus - Goodbye Pork Pie Hat

 a memória do elefante


Já vai longa esta passagem pelo nº 7 do jornal "a memória do elefante" do início de 1972. Mas para além das listas dos melhores álbuns e temas de 1971, que entretanto recuperei outros motivos de interesse constavam nas páginas deste jornal que tão boas memórias deixou.

Para continuar o artigo de Jorge Lima Barreto intitulado somente "Jazz".

O Jazz, tal como qualquer outro género musical, apresenta ao longo da sua rica história múltiplas designações que correspondem ao estado de desenvolvimento ou seja ao modo como é reinventado. Normalmente aparecem as designações de Tradicional e Vanguarda sendo que no Jazz é na década de 50 que ocorre tal separação com a modificação das regras como era conhecido por músicos de calibre como Cecil Taylor, Don Cherry e Ornette Coleman.

Assim surgiu a New Thing referida por Jorge Lima Barreto  que afirma "O termo New-Thing comporta aquele período do Jazz que vai da revolução musical do Free, fins dos ano 50, até aos nossos dias incluindo portanto o Jazz não-tradicional electro-acústico, electrónico, etnográfico, atonal e Jazz-pop."




Quanto ao início da New-Thing, "Podemos adoptar, não rigorosamente, a gravação de MINGUS-AH-UHM de CARLIE MINGUS como marco discográfico onde se suspeita já os caminhos do Jazz-futuro (1957)." Charlie Mingus (1922-1979), compositor, contra-baixista, pianista, um dos maiores do mundo do Jazz publicou em 1959 "Mingus Ah Um", um disco imprescindível em qualquer discoteca básica de Jazz.


Edição em CD com a ref: CBS 450436 2

É deste grande álbum o famoso tema "Goodbye Pork Pie Hat", que eu particularmente admiro.





Charles Mingus - Goodbye Pork Pie Hat

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Yes - Yours Is No Disgrace

 a memória do elefante


Finalmente o melhor álbum do ano de 1971 para o jornal "a memória do elefante".

Recorde-se, em 1971 estava em pleno florescimento do Rock Progressivo, só tendo o Folk-Rock a rivalizar. A classificação que o jornal "a memória do elefante" efectuou denota isso mesmo. Em particular nos lugares de topo onde alternam. Há, no entanto, algumas falhas que convém assinalar, álbuns com "Blue" de Joni Mitchell e "The North Star Grassman and The Ravens" de Sandy Denny não aparecem, e estes mereciam ir bem para o topo da classificação.

Para meu gosto os álbuns da área do Folk-Rock sobreviveram muito melhor ao passar dos anos  e ouço-os ainda hoje com assiduidade, enquanto os disco de Rock Progressivo estão claramente datados e é raro ouvi-los. No entanto, à época, não podia estar mais de acordo com a escolha de "a memória do elefante" para melhor álbum do ano: "The Yes Album" dos Yes.

"... THE YES ALBUM é uma realização rigorosamente una, donde se torna difícil destacar uma ou outra faixa, já que em todas elas há um sentido perfeito de combinação ao nível das palavras que se escolhem com o discurso melódico-instrumental que decorre." para terminar dizendo "THE YES ALBUM é o melhor álbum do ano que terminou no Dezembro último. Ouça-o com atenção. Se não gostar ouça-o outra vez. Se ainda não gostar consulte um psiquiatra."





Deste álbum é ainda escolhida a faixa "Yours Is No Disgrace" que ocuparia o 5º lugar na lista de temas.





"YOURS IS NO DISGRACE é em última análise o tema maior dum conjunto de gravações que se caracterizam essencialmente por uma completa unidade formal e também de valor."

E agora é só imaginar que estamos em 1971.





Yes - Yours Is No Disgrace

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

David Crosby - Laughing

   a memória do elefante


Crosby, Stills, Nash and Young foi um grupo de Folk-Rock americano cujas individualidades eram por si só dignas de sólidas carreiras a solo o que na realidade veio a acontecer. David Crosby (1941-2023) notabilizou-se primeiro nos The Byrds, depois Crosby, Stills and Nash e finalmente em quarteto com o acréscimo de Neil Young. Quanto aos trabalhos a solo a primeira e melhor experiência realizou-se em 1971 com a edição de "If I Could Only Remember My Name". Um disco singular na discografia do Folk-Rock, ainda hoje.

Para o jornal "a memória do elefante" foi mesmo o 2º melhor álbum do ano de 1971, escrevia-se:

"Imagem tão fria como verdadeira duma América de hoje gigantesco receptáculo de psicoses, IF I COULD ONLY REMEMBER MY NAME é o resultado da imensa sensibilidade de homem e do esclarecido sentido estético de Crosby..." finalizando "IF I COULD ONLY REMEMBER MY NAME é um exemplo indiscutível da música popular de excepção."




Deste álbum era escolhida a canção "Laughing" que foi considerada o 4º melhor tema de 1971. Uma grande canção!





"David Crosby com LAUGHING, fez um momento dos mais belos da música popular do nosso tempo."





David Crosby - Laughing

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Jethro Tull - My God

  a memória do elefante


Reparando nos 27 álbuns que o jornal "a memória do elefante" considerou os melhores de 1971 nota-se que naquele ano predominaram dois géneros musicais, o Rock Progressivo e o Folk-Rock. Ao aproximarmo-nos do topo verifica-se mesmo que alternam, depois de Leonard Cohen no 4º lugar com "Songs of Love and Hate", o 3º lugar é ocupado pelos Jethro Tull com um dos seus melhores álbuns, "Aqualung". Álbum de Rock Progressivo mas também onde o Folk-Rock marca presença.

"AQUALUNG é o refinamento duma sonoridade construída a golpes firmes por um grupo enorme que quer e sabe manter-se à margem do que é fácil ou gratuito." notava "a memória do elefante" em texto então publicado.

 



Num álbum recheado de boas canções "a memória do elefante" destacava "My God" que considerava mesmo o melhor tema do ano, dizendo: "Demonstração inequívoca dum originalísmo ilimitado e dum raro sentido do belo, MY GOD é o melhor título de 1971."




"People (What have you done?) locked Him in His golden cage. Made Him bend to your religion, Him ressurected from the grave. He is the god of nothing..."





Jethro Tull - My God

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Leonard Cohen - Famous Blue Raincoat

 a memória do elefante


Em 1972 muito provavelmente estaria de acordo com a classificação dos melhores álbuns do ano anterior efectuada pelo jornal "a memória do elefante" no seu nº 7. No entanto, passados estes anos todos, há pelo menos duas situações que merecem logo o meu reparo. Primeira e a mais gritante: onde está o álbum "Blue" de Joni Mitchell? Pura e simplesmente, aquele que é hoje considerado um dos melhores álbuns de sempre da música popular, não aparece. Qual a razão? Ignoro, mas gostava de saber. Segunda situação tem a ver com o Regresso ao Passado de hoje, ou seja o álbum que na dita classificação ocupa o 4º lugar e que eu não hesitaria em colocar dois lugares acima, é "Songs of Love and Hate" de Leonard Cohen.

Se bem que já conhecesse Leonard Cohen dos dois primeiros álbuns através de canções como "Suzanne",  "So Long, Marianne", "Hey, That's No Way to Say Goodbye" e "Bird on the Wire" foi o 3º álbum, "Songs of Love and Hate", que me recordo da sua edição e o primeiro que dele adquiri. Tem, por isso, um lugar especial e considero-o um disco com um conjunto de canções intemporais e algumas das melhores que Leonard Cohen escreveu.

"Leonard Cohen é uma personalidade das mais importantes de todo o actual sistema musical anglo-americano.", começava assim o texto publicado no jornal "a memória do elefante" relativo a este álbum.



 

Deste álbum, a canção que se recorda hoje, "Famous Blue Raincoat", foi considerada a 6ª melhor do ano.

"Gozo imenso duma calma extenuada mas que também é verdadeira e espontânea, FAMOUS BLUE RAINCOAT traduz de forma brilhante a guerra interior de sentimentos que se trava quando nos sentimos atraiçoados no que nos é mais grato."





E agora o melhor é eu ir ouvir o álbum completo que me acompanha há mais de 50 anos!





Leonard Cohen - Famous Blue Raincoat

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Ian Matthews - Little Known

 a memória do elefante


Continuando a subir na tabela dos melhores álbuns de 1971 na selecção feita pelo jornal "a memória do elefante" chego ao 5º lugar onde encontro Ian Matthews e o seu primeiro álbum a solo "If You Saw Thro' My Eyes" (isto se não considerarmos "Matthews' Southern Comfort" (1970) um álbum a solo).

"If You Saw Thro' My Eyes" corresponde a um período altamente produtivo de Ian Matthews após a sua saída dos Fairport Convention em 1969. Para além de "Matthews' Southern Comfort", ainda "Second Spring" e "Later That Same Year", todos em 1970, e já em 1971 "If You Saw Thro' My Eyes" e "Tigers Will Survive". Tudo trabalhos altamente recomendados do melhor Folk-Rock então praticado.

Quanto a "If You Saw Thro' My Eyes" o jornal "a memória do elefante" dedicava-lhe um texto onde se dizia:

"IF YOU SAW THRO' MY ETES, especialmente a primeira parte. é a demonstração duma sensibilidade estética que parece não se satisfazer com criar momentos mito belos para se ultrapassar no segmento seguinte, é a prova duma honestidade que nunca foi normal e muito menos agora"



Para a lista de melhores temas de 1971, este álbum também se faz representar tendo sido escolhida para a 3ª melhor canção de 1971 a surpreendente "Little Known" 

De uma beleza rara "..."Little Known" é talvez a mais bela emanação de Ian Matthews."





 É essa a proposta de hoje. Fiquem bem.





Ian Matthews - Little Known

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Tom Paxton - I Had To Shoot That Rabbit

a memória do elefante


Tom Paxton, cantor importante do Folk norte-americano, actualmente com 86 anos, revelou-se no início dos anos 60 integrando o movimento de canções de protesto que naquela década tão importante foi.

Perto de 50 álbuns de estúdio publicados atestam a qualidade deste cantor infelizmente pouco conhecido por gerações mais novas. Em 1971, já com 8 álbuns editados, publica "How Come the Sun" que se mantêm até hoje como um dos seus melhores trabalhos. Para o jornal "a memória do elefante " é mesmo o 6º melhor álbum do ano tecendo as seguintes considerações:




Também deste álbum o jornal "a memória do elefante" destaca uma canção, "I Had To Shoot That Rabbit", que a considera o 7º melhor tema do ano.





Pouco conhecida na época, como agora, "I Had To Shoot That Rabbit" é uma magnífica canção de um cantor ímpar de que tanto temos saudade.





Tom Paxton - I Had To Shoot That Rabbit

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

The Doors - Riders On The Storm

  a memória do elefante


Poucos meses antes da morte de Jim Morrison (3-7-1971) foi publicado o que seria o último registo do grupo The Doors com o seu carismático vocalista vivo.

O álbum "L.A. Woman" era o 6º do grupo e era marcantemente de Blues-Rock tão de agrado de Jim Morrison e os outros The Doors. Lembro-me muito bem da passagem de temas como "L.A. Woman" e "Riders On The Storm", os temas chave e mais longos que finalizavam respectivamente os lados A e B.

Para o jornal "a memória do elefante" "L.A. Woman" era o 7º melhor álbum do ano publicando o seguinte texto:



Deste álbum também era escolhida uma canção que foi considerada a 2ª melhor do ano. "Riders On The Storm" era a canção a última criação do génio de Jim Morrison, sobre ela escrevia o jornal:

"Verdade de música popular e mais ainda um poder criativo de génio é o que é este RIDERS ON THE STORM, uma forma de Doors que jamais tornará a ser possível"







The Doors - Riders On The Storm

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Emerson, Lake and Palmer - Bitches Crystal

 a memória do elefante


Quem pelo ano de 1971 passou sabe que o ano foi fértil no crescimento do Rock Progressivo. O Rock perdia a sua simplicidade inicial e aventurava-se por territórios que lhe conferia uma complexidade acrescida. Um dos grupos que mais se notabilizou foi Emerson, Lake and Palmer (Keith Emerson, ex-The Nice, Greg Lake, ex-King Crimson e Carl Palmer, ex-Atomic Rooster). 

No ano anterior tinham editado o aclamado álbum homónimo inicial, para mim o melhor que fizeram, e a expectativa era grande quanto ao sucessor que ocorreu no ano em apreço. "Tarkus" assim se designou, segundo o tema principal de mais de 20 minutos que ocupava todo o lado A do disco e que já recordei no tema "O Rock Progressivo nos anos 70". O lado B era uma miscelânea de composições de diferentes estilos que não me cativou.




Para o jornal "a memória do elefante" "Tarkus" foi o 8º melhor álbum do ano considerando que "Emerson Lake and Palmer têm aqui a sua via amadurecida se bem que nos pareça que muito mais está ao seu alcance.". Na realidade, para meu gosto os Emerson, Lake and Palmer estavam prestes a esgotarem-se e, a partir de 1972 deixei de os seguir.

Do lado B fica "Bitches Crystal"





Emerson, Lake and Palmer - Bitches Crystal

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Stephen Stills - Sit Yourself Down

a memória do elefante


Publicava o jornal "a memória do elefante" no seu nº 7 já em Fevereiro de 1972 as escolhas do jornal dos melhores álbuns e temas do ano de 1971 e verifica-se o desfilar de grandes música que aquele ano ainda nos deixou. Para hoje o 9º lugar na lista de álbuns, cuja escolha recaiu sobre Stephen Stills e o seu álbum de estreia a solo "Stephen Stills I". Também na lista dos temas figurava em 13º lugar com o tema "Church" o qual já recordei.

Apesar de ser o seu primeiro trabalho a solo, Stephen Stills era já uma figura bem conhecida e reconhecida. Primeiro como elemento fundador dos excelentes Buffalo Springfield cuja curta duração (1966-1968) não impediu a gravação de dois álbuns bem recomendáveis. Entretanto (1968), um álbum de colaboração com Mike Bloomfield e Al Kooper designado "Super Sessions". Depois foram os históricos "Crosby, Stills & Nash" (1969) e "Déjà Vu" (1970) este já com Neil Young

Pena que depois deste "Stephen Stills I" a sua carreira tenha indo perdendo fôlego sem atingir o brilhantismo de Neil Young, por exemplo.





"Resultado duma imaginação que ainda não se prostituira, o primeiro Trabalho de Stephen Stills é uma obra das melhores do anos 71", afirmava-se no "a memória do elefante".





Stephen Stills - Sit Yourself Down

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Seatrain - Song of Job

a memória do elefante


 O final dos anos 60, início da década de 70 foi fértil no desenvolvimento de diversas matizes musicais centradas no Rock. O Folk-Rock foi uma delas e teve notoriedade maior quer no Reino Unido, com grupos como Fairport Convention, Steeleye Span, Pentangle, Trees, quer nos Estados Unidos onde os Crosby, Stills, Nash e Joni Mitchell terão sido das melhores propostas.

Outras ramificações se verificaram próximas do Folk-Rock com laivos de Country e Blues e é aqui que encontramos os Seatrain de curta duração (1969-1973). Publicaram 4 álbuns mas é o 2º e 3º, que tiveram a produção de George Martin, os que proporcionam melhor prazer auditivo.

Para o jornal "a memória do elefante" os referidos dois álbuns, "Seatrain" e "Marblehead Messenger" mereceram respectivamente  o 17º e 26º lugar entre os melhores do ano, enquanto que a canção "Song of Job" destacava-se no 9º lugar dos melhores temas do ano de 1971.





"... SONG OF JOB onde o virtuosismo musical e a sobriedade necessária se fundem num equilíbrio estético de rara beleza.", afirmava-se no texto.

Sem dúvida uma boa recordação de tempos de em que éramos surpreendidos quase todos os dias por novas propostas musicais. Será que agora também é assim e eu é que não estou suficientemente atento?





Seatrain - Song of Job

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Mary Travers - Children One and All

 a memória do elefante


Do 10º melhor tema de 1971 para o 10º melhor álbum do mesmo ano. Estou a seguir as escolhas do jornal "a memória do elefante" publicadas no seu nº 7. E o 10º melhor álbum vai para: "Mary" de Mary Travers.

Mary Travers (1936-2009) ficou mais conhecida por ser a voz feminina do trio Peter, Paul and Mary que nos deixou, nos anos 60, uma obra muito rica na área do Folk norte-americano.

Depois da separação do trio em 1970, e antes de se reagruparem novamente em 1978, isoladamente efectuaram uma série de gravações das quais se destacam os respectivos primeiros álbuns. O de Mary Travers designado somente "Mary" mereceu a escolha do jornal "a memória do elefante" que o elegeu como o 10º melhor de 1971. No pequeno texto referente a este álbum que reproduzo de seguida, lê-se:

"MARY é música popular de elite e essencialmente um exercício de bom gosto,"




Deste álbum é também escolhida uma canção que na lista dos melhores temas fica em 8º lugar, é a maravilhosa "Children One and All".

Eis o texto publicado sobre esta canção.





"Prova dum sentido grande de beleza e de honestidade, CHILDREN ONE AND ALL é a imagem duma América irremediavelmente dividida e um bom momento de música popular."





Mary Travers - Children One and All

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Emitt Rhodes - The Man He Was

  a memória do elefante


Retomo hoje a passagem pelo nº 7, Janeiro/Fevereiro de 1972, do jornal "a memória do elefante" onde se fazia a selecção do melhor que o ano de 1971 tinha deixado, concretamente 27 temas e 27 álbuns eram escolhidos.

Entro agora nos 10 primeiros lugares e vou à tabela de temas buscar a 10ª canção, era "The Man He Was" de Emitt Rhodes.

Emitt Rhodes (1950-2020) foi um cantor, compositor e multi-instrumentista norte-americano, tornou-se primeiramente conhecido ao compor o primeiro e único álbum dos The Merry-Go-Round onde constava a canção "Time Will Show the Wiser" e que conheci na versão dos Fairport Convention (era a primeira faixa do primeiro álbum e que eu tive o prazer de ouvir em 2017 no Festival Fairport's Cropredy Convention com os originais Ian Matthews e Judy DybleAshley Hutchings e Richard Thompson e ainda Simon Nicol).

Depois Emitt Rhodes teve uma curta carreira a solo do qual só me lembro bem do primeiro trabalho "The American Dream". É deste álbum a canção acima referida, "The Man He Was".

O jornal "a memória do elefante" a ela se referia da seguinte maneira:






Emitt Rhodes - The Man He Was


domingo, 21 de janeiro de 2024

Expresso Transatlântico - Ressaca Bailada

Algumas memórias de 2023


Como habitual para terminar estas memórias de 2023 eis alguma da música feita em Portugal e que passou pelos meus ouvidos. Tenho de reconhecer que pelo que vou apercebendo muitos mais álbuns devia ter ouvido no ano passado, mas não há tempo para tudo e tive que fazer as minhas opções, portanto entre o que ouvi relevo os seguintes:

- Carminho - Portuguesa
- Glockenwise - Gótico Português
- Tó Trips - Popular Jaguar
- Margarida Campelo - Supermarket Joy
- Maro - Hortelâ
- Jorge Palma - Vida
- Salvador Sobral - Timbre
- António Zambujo - Cidade
- Expresso Transatlântico - Ressaca Bailada
- Slow J - Afro Fado

A música popular portuguesa está entregue a uma nova geração de cantores, compositores, muitos dos quais quase desconhecidos para mim. Da velha geração de notar a resistência de Jorge Palma, actualmente com 73 anos, e que nos prendou com mais um trabalho, "Vida", a merecer lugar entre o que de melhor se fez entre nós em 2023.


https://mag.sapo.pt/


Agora, a minha escolha para hoje vai para o primeiro álbum dos promissores Expresso Transatlântico, trio lisboeta que já nos tinha dado a conhecer um muito interessante EP em 2021, de nome "Ressaca Bailada", ou os novos caminhos da nossa música popular.





Expresso Transatlântico - Ressaca Bailada

sábado, 20 de janeiro de 2024

Lankum - Clear Away in the Morning

 Algumas memórias de 2023


É da Irlanda a minha escolha para o álbum do ano de 2023.

Recordo primeiro as escolhas que fiz nos últimos anos:

2016 - PJ Harvey - "The Hope Six Demolition Project"
2017 - Laura Marling - "Semper Femina"
2018 - Lucy Dacus - "Historian"
2019 - Angel Olsen - "All Mirrors"
2020 - Adrianne Lenker -  "Songs and Instrumentals"
2021 - Katherine Priddy - "The Eternal Rocks Beneath"
2022 - The Unthanks - "Sorrows Away"

Sempre nutri um gosto especial pela música oriunda da Irlanda, de Van Morrison a The Chieftains, e 2023 foi um ano particularmente bom. Refiro 5 discos que sobressaíram:

- John Francis Flynn - Look Over The Wall See The Sky
- ØXN - CYRM
- Lisa O’Neill - All of This Is Chance
- Soda Blonde - Dream Big
- Lankum - False Lankum



Edição em CD da Rough Trade com a ref: RT0392CD




E a escolha vai para "False Lankum" do grupo Lankum. Demonstração da vitalidade do Folk irlandês aqui apresentado de uma forma menos convencional, onde o tradicional se mistura com sonoridades vanguardistas e inovadoras. É o novo Folk, um Folk bem progressista a seguir com toda a atenção.




Lankum - Clear Away in the Morning

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Anohni and the Johnsons - Scapegoat

 Algumas memórias de 2023


Hoje é dia de identificar uma lista de discos editados em 2023 e que de alguma forma foram objecto da minha atenção com a respectiva audição mais ou menos completa conforme a empatia que me proporcionaram. Sem qualquer ordem em especial eis os álbuns de 2023 que de alguma maneira me parecerem meritórios de pelo menos uma audição, o que já não é pouco nos tempos que correm.

- Unthank: Smith - Nowhere and Everywhere
- Belle and Sebastian - Late Developers
- Lisa O'Neill - All Of This Is Chance
- Fever Ray - Radical Romantics
- Elvis Costello, Burt Bacharach - The Songs Of Barcharach & Costello
- PJ Harvey - I Inside The Old Year Dying
- Nick Cave, Warren Ellis - Australian Carnage - Live at the Sydney Opera House
- Lankum - False Lankum
- Cat Power - Cat Power Sings Dylan: The 1966 Royal Albert Hall Concert
- Julie Byrne - The Greater Wings
- Boygenius - The Record
- Jaimie Branch -  Fly or Die Fly or Die Fly or Die (World War)
- Sufjan Stevens - Javelin
- Devendra Banhart - Flying Wig
- Slowdive - Everything Is Alive
- Mitski - The Land Is Inhospitable and So Are We
- Anohni and the Johnsons - My Back Was A Bridge For You To Cross
- John Francis Flynn - Look Over The Wall See The Sky
- ØXN - CYRM



https://www.discogs.com/




Depois de 4 excelentes álbuns publicados entre 2000 e 2010 sob o nome de Antony and the Johnsons, um interregno de 13 anos para voltar como Anohni and the Johnsons para mais um meritório trabalho.
No entretanto ficou a mudança de nome de Antony para Anohni e um álbum a solo sob este nome, "Hopelessness" (2016), com uma aproximação à electrónica que não me agradou.

 "My Back Was A Bridge For You To Cross" é o regresso ao Pop elegante e sofisticado a que nos tinha habituado e dele destaco "Scapegoat", uma das melhores, senão a melhor canção de 2023.




Anohni and the Johnsons - Scapegoat

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

PJ Harvey - Prayer at the Gate

Algumas memórias de 2023


Não é dos sobreviventes doa anos 60, mas também não se encontra entre as revelações do ano de 2023. Não encantou, mas também não desiludiu. Continua, no entanto, a ser das propostas mais seguras da música popular actual ao percorrer caminhos de não fácil exploração e não fáceis de catalogar. Trata-se de PJ Harvey.

PJ Harvey encontra-se na casa dos 50 e ao fim de mais de 3 décadas de actividade continua a ser uma proposta segura que o ano de 2023 viu regressar ao fim de 7 anos sem novidades discográficas.

"I Inside the Old Year Dying" é menos acessível que os seu anteriores e não logrou figurar nos lugares cimeiros, entre as diversas classificações existentes, dos melhores álbuns do ano. É, no entanto, preciso dar tempo, e infelizmente hoje em dia há pouco, não tendo a adesão imediata de por exemplo "Let England Shake" (2011).


https://www.discogs.com/


Uma sonoridade estranha onde se vislumbram melodias bem identificáveis com a voz de PJ Harvey, um álbum do qual se vai gostando progressivamente. Começa com "Prayer at the Gate" e começa bem.





PJ Harvey - Prayer at the Gate

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Shirley Collins - Fare Thee Well, My Dearest Dear

Algumas memórias de 2023


E para hoje aquele que considero com o melhor trabalho de 2023 de um sobrevivente dos anos 60. Publicou o primeiro álbum em 1959 e o último é de 2023, 64 anos a separá-los, é obra!

Shirley Collins, actualmente com 88 anos (!!), figura ímpar e reverenciada do Folk britânico , teve um papel primordial no revivalismo do Folk britânico nas décadas de 60 e 70. Quer a solo, em duo com a irmã Dolly Collins (1933-1995), com a The Albion Country Band, para citar algumas das suas colaborações, Shirley Collins, apesar do longo retiro verificado desde os finais dos anos 70 até 2016, tornou-se uma referência obrigatória e influência maior de muitos músicos consagrados do Folk-Rock.


Edição em CD da etiqueta Domino com a ref: WIGCD494


"Archangel Hill", o álbum de 2023 e o terceiro após o regresso, "Lodestar" (2016) e "Heart′s Ease" (2020) são os outros dois, continua a revelar uma vitalidade surpreendente e consegue mesmo integrar algumas das listas dos melhores álbuns do ano, o que não é pouco para alguém da sua idade.


A faixa inicial é "Fare Thee Well, My Dearest Dear"  e sobre ela escreve a própria Shirley Collins:

"In 1904 in Monskgate, West Sussex, Ralph Vaughan Williams noted down this exquisite and Poignant song from Mrs Harrier Verral, who, with her husband, Peter, sang over one hundred songs to RVW and other collectors. It is one of many narratives in which the female protagonist cuts her hair, dons male attire and stows away on board ship, but is the only one I know that has Venice as the proposed destination, and is liwise rare in rewarding such entreprise with an unhappy ending."





Shirley Collins - Fare Thee Well, My Dearest Dear